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COMÉRCIO
Brasil pede à OMC aval para retaliar canadenses
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil deve pedir à OMC (Organização Mundial do Comércio)
o direito de impor barreiras comerciais a produtos canadenses.
Trata-se da resposta à decisão do
Canadá de subsidiar a Bombardier, fabricante canadense de
aviões, para derrotar a concorrente Embraer em negócio de US$ 2
bilhões.
Os principais produtos importados pelo Brasil do Canadá são o
cloreto de potássio -químico
usado pela indústria farmacêutica
e para adubos- e papel para jornal, além de componentes para a
indústria eletroeletrônica.
Reunião de hoje na OMC marcará o início da ofensiva brasileira. O governo vai apresentar ao
Órgão de Solução de Controvérsias, responsável por resolver disputas entre membros, uma declaração acusando o Canadá de condutas ilegais e reforçando o pedido para que o país explique o funcionamento dos subsídios.
O pedido de retaliação só será
confirmado nas próximas semanas. O Brasil precisa esperar 60
dias (até meados de março) para
dar entrada nesse pedido.
Se a OMC autorizar as barreiras,
isso significará sobretaxas de imposto de importação para algumas mercadorias vindas do Canadá.
Os canadenses já têm o direito
de impor barreiras comerciais
contra produtos brasileiros no valor de US$ 300 milhões por ano
durante um prazo de cinco anos.
A autorização foi dada pela OMC
depois de o Brasil decidir não rever alguns contratos de vendas da
Embraer considerados ilegais.
A retaliação comercial é autorizada pela OMC quando um país,
após ter uma conduta condenada,
insiste em não se adequar às regras internacionais do comércio.
Na reunião de hoje, o principal
objetivo brasileiro é rebater as críticas canadenses de que o país não
segue as regras do jogo internacional. Os diplomatas do Itamaraty querem mostrar que são os
canadenses que apelaram para
medidas ilegais e não previstas na
OMC para ganhar uma concorrência.
Além de questionar os novos
subsídios oferecidos para a Bombardier ganhar um contrato de
US$ 2 bilhões com a companhia
aérea norte-americana Air Wisconsin, o Itamaraty quer condenar um sistema de seguro de crédito oferecido pela Província de
Quebec à Bombardier.
Além das acusações canadenses, o Brasil terá de enfrentar os
Estados Unidos. Eles vão formalizar o pedido de abertura de um
"panel" contra o Brasil para contestar a Lei de Patentes do país.
Os brasileiros não serão, no entanto, os únicos a atacar na reunião de hoje. Os canadenses vão
pedir a revisão das regras do subsídio brasileiro oferecido à Embraer, o Proex (Programa de Estímulo às Exportações).
Em dezembro, o Ministério da
Fazenda anunciou mudanças no
Proex, que havia sido condenado
pela OMC. Para os canadenses, as
modificações não foram suficientes.
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