|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entrega de outras empresas do grupo americano deve ser solução
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) tem todas as condições de
resgatar a totalidade das ações da
Eletropaulo que estão nas mãos
do grupo AES.
O acordo do empréstimo que o
banco estatal fechou com o conglomerado americano prevê que,
em caso de alguma parcela da dívida de US$ 1,1 bilhão não ser paga, o BNDES poderia ficar com
todos os papéis (ações ordinárias
e preferenciais) que a AES possui
da Eletropaulo.
O grupo norte-americano, por
via de suas duas subsidiárias AES
Elpa e Transgás no Brasil, detém
hoje cerca de 70% do capital da
Eletropaulo.
A AES fechou acordo de empréstimo com o banco ao dar a
garantia de que receberia os empréstimos do BNDES dando em
troca aquele capital, em forma de
papéis, como garantia do pagamento dos débitos.
A solução mais radical que pode
ser adotada pelo BNDES agora é
processar a AES judicialmente
para ter as ações da Eletropaulo
em suas mãos. O processo todo
correria na Justiça Federal, pois o
banco pertence à União.
Existe, no entanto, um risco de
grande desgaste nas imagens da
AES e do BNDES se houver uma
disputa judicial. As chances da
AES de perder o processo, segundo advogados, são muito fortes.
Mas o BNDES, que é um banco de
fomento social, correria o risco de
provocar danos na sua imagem
ou na do próprio governo no exterior.
"Acredito em uma solução negociada. Essa tem sido a política
do BNDES em questões desse tipo", afirmou Darley Ferreira Oliveira, sócio do escritório de advocacia Araújo, Fontes e Szymonowicz. Segundo ele, o fator político
pesará muito nas decisões que o
BNDES irá tomar daqui para a
frente sobre o assunto.
Oferta de bens
A Folha apurou que o grupo
AES já ofereceu uma solução negociada ao BNDES, que estaria estudando a proposta. O conglomerado norte-americano admite que
tem dívidas a pagar e ofereceu a
usina termoelétrica de Uruguaiana, localizada no Estado do Rio
Grande do Sul, como parte do pagamento dos débitos.
Outro bem também seria entregue ao banco estatal. A AES estaria disposta a entregar a distribuidora de energia elétrica AES Sul,
do Sul do Brasil, para o BNDES.
O objetivo da AES é quitar assim metade da dívida de US$ 1,1
bilhão que tem com a instituição
financeira. O restante seria negociado para pagamento a longo
prazo. Segundo a Folha apurou, o
BNDES ainda não deu uma resposta sobre a proposta.
Um executivo ligado à AES disse que o grupo norte-americano
teria chegado ao ponto de oferecer agora mesmo todas as ações
referentes aos 70% do capital da
Eletropaulo para o BNDES.
Assim deixaria de ser sócio da
distribuidora paulista e sairia sem
o retorno de um centavo do US$ 1
bilhão que pagou pelo controle da
distribuidora de energia.
Com isso, o BNDES teria o ônus
de ter de administrar ou vender
novamente a companhia de energia elétrica.
Segundo a Folha apurou, o banco estatal não deu uma resposta
para as ofertas da AES. Daí a decisão da AES de não pagar a parcela
de US$ 85 milhões que vencia nesta semana.
A probabilidade de a Eletropaulo ou a AES pedirem concordata
ou falência por causa de sua atual
situação não é considerada como
provável por Darley Ferreira Oliveira, sócio do escritório Araújo,
Fontes e Szymonowicz.
Isso porque, para qualquer uma
das companhias entrar com pedido de falência ou concordata, teria de estar inadimplente com
uma série de fornecedores, o que
não seria o caso.
Texto Anterior: "Hospital": AES deixa de pagar US$ 85 mi ao BNDES Próximo Texto: Tiroteio Índice
|