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PARAÍSO FISCAL
Mercadante confirma intenção de repatriar dinheiro enviado ao exterior e estudo sobre lei de Itália e Espanha
Governo quer modelo europeu de anistia
DO PAINEL S.A.
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador Aloizio Mercadante
(PT) confirmou ontem à Folha
que o governo estuda a possibilidade de criar incentivos fiscais para repatriar dinheiro de brasileiros que estão depositados fora do
país. ""Seria uma espécie de Refis
para legalizar o dinheiro de brasileiro que está fora do país."
Ele disse que estão sendo estudados os casos de repatriação do
dinheiro ocorridos na Espanha e
na Itália. O governo já pediu a legislação sobre essa medida para
estudar como ela poderia ser
adaptada ao Brasil. Nos dois casos, Mercadante disse que foram
exemplos de sucesso. A Espanha
registrou US$ 40 bilhões de retorno e a Itália, US$ 60 bilhões.
Mercadante disse que são necessários pelo menos três cuidados. O primeiro, de deixar claro
que esse benefício fiscal ocorrerá
somente agora. Na Itália, a lei fixou o prazo de pelo menos 20
anos para que não fosse concedido nenhum benefício fiscal para
quem depositar o dinheiro no exterior. Mercadante defende o
mesmo prazo para o Brasil. O objetivo é evitar anarquia fiscal.
O segundo é não permitir que
uma medida como essa funcione
como uma janela de oportunidade para a entrada de dinheiro sujo
no país. Ele caracterizou como dinheiro sujo o que foi produto do
narcotráfico e da corrupção.
O outro cuidado é em relação ao
câmbio. O governo terá de evitar
também a apreciação cambial, já
que o ingresso maciço de dólar irá
forçosamente valorizar o real.
Mercadante disse, no entanto,
que essa medida poderá ajudar o
governo na sua estratégia para
baixar os juros, já que, com a entrada desse dinheiro de fora, irá
aumentar as reservas cambiais do
país, produzir uma queda do dólar, o que ajuda a baixar a inflação,
e aumentar a arrecadação.
Mercadante disse que o governo
pretende atrair aquele dinheiro
que deixou o país por razões de
instabilidade econômica ou política, já que a evasão de dinheiro
ocorreu pela via legal da CC-5.
Dificilmente o dinheiro remetido de forma ilegal retornará ao
Brasil, segundo especialistas.
O argumento é que somente se
candidatarão a repatriar aqueles
que não tiverem receio de responder sobre a origem dos recursos.
""Do contrário, continuará como hoje: o dinheiro volta por
meio dos fundos (formados em
paraísos fiscais). E esses são até
melhores porque não têm o pedágio que o governo quer instituir",
diz o advogado Cândido Henrique de Campos.
(GUILHERME BARROS E JOSÉ ALAN DIAS)
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