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Previ, Petros e Funcef dizem estar dispostas a investir em projetos da PPP, que prevê obras de R$ 13,1 bi
Fundos de pensão podem entrar com R$ 4 bi
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os três grandes fundos de pensão do país -Previ (funcionários
do Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal)- começam a se
preparar para investir em projetos relacionados às PPPs (Parcerias Público-Privadas).
Juntas, Petros e Funcef têm capacidade para destinar até R$ 4
bilhões para projetos de infra-estrutura e habitação neste ano.
A Previ ainda não calculou
quanto poderá investir, pois depende de aprovação pela SPC (Secretaria de Previdência Complementar) de plano de enquadramento de suas aplicações.
As PPPs são a fórmula oferecida
pelo governo para se associar ao
setor privado em projetos que requerem investimentos pesados,
sobretudo em infra-estrutura.
Nas PPPs, o Estado remunera
parte do investimento feito por
empresas, entre outras regras diferentes de uma concessão normal. A votação na Câmara deve
começar depois de amanhã.
Os projetos de infra-estrutura
são considerados prioritários pelo
governo. A primeira carteira de
projetos para as PPPs, apresentada pelo ministro Guido Mantega
(Planejamento) no mês passado,
prevê obras de R$ 13,107 bilhões.
Desse total, a iniciativa privada ingressaria com R$ 5,992 bilhões.
Os investimentos dos fundos de
pensão contarão como dinheiro
privado. Ou seja, só o que os fundos já declararam ter capacidade
de investir no projeto equivaleria
a 66,75% dos recursos totais esperados do setor privado.
"As PPPs vão ajudar bastante,
vão criar possibilidades de aumentar os investimentos em infra-estrutura", disse o presidente
da Petros, Wagner Pinheiro.
Os investimentos das fundações
nos projetos podem se dar pela
compra de recebíveis (títulos cuja
remuneração ao investidor é dada
com base em receitas futuras de
empresas ou empreendimentos),
ações, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), debêntures
ou por meio de financiamentos
diretos ("project finance").
"Tudo [o valor a ser investido]
dependerá das oportunidades
que surgirem", disse Guilherme
de Lacerda, presidente da Funcef.
A Funcef e a Petros têm hoje
grande disponibilidade de recursos porque estão enquadradas
nas regras de aplicação da SPC, as
quais definem que os fundos de
pensão não podem ter mais de
50% dos ativos em renda variável
(ações) nem mais de 14% em imóveis. Dos R$ 14,73 bilhões de ativos, a Funcef tem apenas 19% em
renda variável. Todos os investimentos da Petros somam R$
21,492 bilhões, dos quais cerca de
72% estão alocados em renda fixa.
Dos R$ 54,3 bilhões de ativos da
Previ, 58% estão em renda variável. A entidade entregou à SPC
plano de enquadramento que
prevê a venda de parte das ações
gradualmente. Segundo o diretor
de investimento do fundo, Luiz
Carlos Aguiar, somente após a
aprovação do plano será possível
avaliar quanto será destinado aos
programas das PPPs.
"Depois do plano de enquadramento será aberto espaço para os
investimentos. Mas certamente
será um volume menor do que o
da Funcef e o da Petros", disse.
Além disso, a Previ quer investir
mais R$ 50 milhões no setor imobiliário. Mas, segundo Aguiar, a
preferência será para instrumentos financeiros, como fundos
imobiliários.
O plano da Petros para projetos
em infra-estrutura é investir R$ 1
bilhão neste ano. Mas, segundo
Pinheiro, a Petros tem potencial
para investir até R$ 2,5 bilhões.
"Estamos olhando. Se aparecerem boas oportunidades, poderemos chegar a esse valor."
Segundo Lacerda, várias ofertas
de investimentos têm sido feitas à
Funcef. Segundo ele, já estão em
consulta investimentos da ordem
de R$ 250 milhões. Apesar da disponibilidade de R$ 1,5 bilhão, Lacerda acha que será difícil aplicar
tudo neste ano.
Um ponto importante das
PPPs, segundo Pinheiro, é que o
governo se dispõe a garantir uma
rentabilidade mínima para os empreendimentos de modo a atrair
maior interesse do setor privado.
O princípio das PPPs é diferente,
por exemplo, do das concessões,
pelas quais o investidor tem apenas a certeza de explorar serviços
por determinado prazo.
Segundo Pinheiro, o governo
poderá garantir rentabilidade mínima para certos projetos com recursos do Orçamento.
Ele citou como exemplo estradas que venham a ser privatizadas. Se, após um estudo de viabilidade, ficasse constatado que o retorno com a exploração de pedágio seria insuficiente para atrair
empresas privadas, o governo poderia complementar a tarifa para
tornar o empreendimento financeiramente interessante.
Ele diz que a Petros entrará em
projetos que ""assegurem rentabilidade". ""Como investidor, tenho
que buscar risco zero."
O executivo argumenta que o
princípio da parcerias interessa
ao setor de previdência privada.
Usa o exemplo de uma eventual
participação para construção de
hidrelétrica. ""Entre a construção e
início da amortização do investimento são pelo menos seis anos,
mas ela tem uma geração de caixa
por 30, 50 anos. Para os fundos
pode ser mais interessante ter geração estável a aplicar em um investimento de ganho maior, de
curto prazo e com maiores riscos", diz.
Colaborou a Reportagem Local
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