São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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Diferenças impedem comparação, afirma federação de bancos

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) contesta a metodologia do Iedi, argumentando que é impossível comparar "spreads" brutos, que embutem custos, tributação, compulsórios e direcionamento de crédito díspares entre países.
Segundo o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, essa comparação só seria possível se o "spread" fosse líquido. ""Spread" bruto é uma conta feita pelo BC, que mede diferença entre taxas captadas [e cobradas] na ponta do consumidor. Vários países não têm direcionamento de crédito, [repasse do] BNDES, agricultura, além de compulsórios", disse.
Sardenberg reconhece que o "spread" brasileiro é um dos maiores do mundo, entre outros motivos, em razão de juros altos, escala limitada e dificuldades para recuperação de ativos. Ele também afirma que não falta concorrência no setor e nega que os bancos brasileiros tenham estrutura de custos unitários altos ou que falte expertise na análise de crédito.
"Os níveis de eficiência aqui são iguais aos que há lá fora. O setor é até mais informatizado. Se a crítica fosse verdade, os bancos estrangeiros viriam para cá [e ganhariam o mercado]. Os bancos daqui não sobreviveriam", diz Sardenberg.
O economista lembra ainda que vários países tiveram redução nos juros ao longo de 2008, quando o Brasil ainda mantinha taxas elevadas para segurar a inflação. Diz também que os países maduros utilizam derivativos de crédito, que permitem uma alavancagem que resulta em taxas mais baixas para o consumidor. Por outro lado, lembra ele, esses mesmos derivativos trouxeram riscos que mergulharam esses países na atual crise de crédito.
Sardenberg também afirma não simpatizar com a proposta de premiar com taxas menores de captação aqueles bancos que trabalharem com "spreads" menores. "Se tem [captação com] juro menor, é porque alguém vai pagar esse custo. Não são condições de mercado. O ideal é criar condições para captar com taxas menores."
Para ele, se o governo pretende criar incentivos para reduzir as taxas, uma alternativa seria diminuir o risco do crédito, como aconteceu com o consignado. Uma ideia seria criar fundos de aval, em que o governo ou agentes privados funcionassem como "fiadores" das empresas com "ratings" (notas) determinados. "O governo pode assumir a inadimplência, dando aval para as empresas", afirma.


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