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Diferenças impedem comparação, afirma federação de bancos
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) contesta a
metodologia do Iedi, argumentando que é impossível comparar "spreads" brutos, que embutem custos, tributação, compulsórios e direcionamento de
crédito díspares entre países.
Segundo o economista-chefe
da Febraban, Rubens Sardenberg, essa comparação só seria
possível se o "spread" fosse líquido. ""Spread" bruto é uma
conta feita pelo BC, que mede
diferença entre taxas captadas
[e cobradas] na ponta do consumidor. Vários países não têm
direcionamento de crédito, [repasse do] BNDES, agricultura,
além de compulsórios", disse.
Sardenberg reconhece que o
"spread" brasileiro é um dos
maiores do mundo, entre outros motivos, em razão de juros
altos, escala limitada e dificuldades para recuperação de ativos. Ele também afirma que
não falta concorrência no setor
e nega que os bancos brasileiros
tenham estrutura de custos
unitários altos ou que falte expertise na análise de crédito.
"Os níveis de eficiência aqui
são iguais aos que há lá fora. O
setor é até mais informatizado.
Se a crítica fosse verdade, os
bancos estrangeiros viriam para cá [e ganhariam o mercado].
Os bancos daqui não sobreviveriam", diz Sardenberg.
O economista lembra ainda
que vários países tiveram redução nos juros ao longo de 2008,
quando o Brasil ainda mantinha taxas elevadas para segurar
a inflação. Diz também que os
países maduros utilizam derivativos de crédito, que permitem uma alavancagem que resulta em taxas mais baixas para
o consumidor. Por outro lado,
lembra ele, esses mesmos derivativos trouxeram riscos que
mergulharam esses países na
atual crise de crédito.
Sardenberg também afirma
não simpatizar com a proposta
de premiar com taxas menores
de captação aqueles bancos que
trabalharem com "spreads"
menores. "Se tem [captação
com] juro menor, é porque alguém vai pagar esse custo. Não
são condições de mercado. O
ideal é criar condições para
captar com taxas menores."
Para ele, se o governo pretende criar incentivos para reduzir
as taxas, uma alternativa seria
diminuir o risco do crédito, como aconteceu com o consignado. Uma ideia seria criar fundos
de aval, em que o governo ou
agentes privados funcionassem
como "fiadores" das empresas
com "ratings" (notas) determinados. "O governo pode assumir a inadimplência, dando
aval para as empresas", afirma.
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