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Obama anuncia novo plano com foco no crédito
Presidente dos EUA fala em "reviver" sistema financeiro, para que empréstimos cheguem a empresas e famílias
Indicação de republicano para Secretaria do Comércio pode contribuir para ampliar maioria do Partido Democrata no Senado
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O presidente Barack Obama
acenou ontem com novo plano
econômico que, segundo ele,
baixará o custo das hipotecas,
facilitará o acesso de crédito a
empresas e famílias e garantirá
que executivos não sejam compensados além da conta.
"Em breve, meu secretário
do Tesouro, Tim Geithner,
anunciará uma nova estratégia
para reviver nosso sistema financeiro, que faça com que o
crédito chegue a empresas e famílias", disse, em seu pronunciamento semanal, que foi ao ar
ontem de manhã. "Vamos ajudar a baixar os custos das hipotecas e estender os empréstimos a pequenos negócios para
que possam criar empregos."
Ao voltar a comentar o fato
de empresas financeiras terem
pago cerca de US$ 20 bilhões a
executivos em bônus em 2008,
Obama disse que a prática é
vergonhosa e prometeu medidas que impeçam que isso volte
a acontecer.
Especula-se que novos anúncios ocorram nos próximos dias
e marquem a segunda fase do
plano de resgate do mercado financeiro, iniciada no ano passado com a aprovação pelo
Congresso de um pacote de
US$ 700 bilhões, dos quais metade já foi utilizada.
Perde força a hipótese de
criação de um "banco ruim",
que compraria os chamados
"títulos podres" de instituições
em dificuldades, o que poderia
descongelar o crédito.
O secretário Geithner já se
mostrou crítico à ideia, por duvidar de sua eficácia e pelo
montante que seria necessário
-calcula-se que tais papéis
cheguem hoje a US$ 2 trilhões,
ou uma vez e meia o PIB brasileiro. O mais provável é um enfoque que atue em várias frentes, segundo relatos vazados à
imprensa de reunião realizada
na sexta-feira entre Geithner, o
presidente do Fed (banco central dos EUA), Ben Bernanke, e
a diretora do FDIC (órgão garantidor dos depósitos bancários), Sheila Bair.
Jogo bipartidário
Nesta semana, Obama vê seu
outro plano de estímulo econômico passar a ser discutido pelo
Senado. Uma primeira versão
dele, de US$ 819 bilhões, foi
aprovada na semana passada
pela Câmara dos Representantes (deputados federais). A proposta não contou com nenhum
voto dos republicanos, da oposição, e teve 11 defecções no
próprio partido do presidente.
Hoje, o democrata recebe
quatro senadores e 11 deputados federais para assistir à final
do campeonato nacional de futebol americano. Quatro desses
congressistas são republicanos.
Pode estar nos bastidores
uma jogada que fará com que os
democratas consigam no Senado uma maioria à prova de obstrução, de 60% -hoje, das 100
cadeiras, 56 são ocupadas por
democratas, 2 são independentes que votam com a situação e
uma corrida permanece indefinida, mas com atual vantagem
para os democratas.
Se Obama convidar o republicano Judd Gregg para a Secretaria do Comércio, seu substituto no Senado será apontado
pelo governador de New
Hampshire, que é democrata.
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