São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2009

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Obama anuncia novo plano com foco no crédito

Presidente dos EUA fala em "reviver" sistema financeiro, para que empréstimos cheguem a empresas e famílias

Indicação de republicano para Secretaria do Comércio pode contribuir para ampliar maioria do Partido Democrata no Senado

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O presidente Barack Obama acenou ontem com novo plano econômico que, segundo ele, baixará o custo das hipotecas, facilitará o acesso de crédito a empresas e famílias e garantirá que executivos não sejam compensados além da conta.
"Em breve, meu secretário do Tesouro, Tim Geithner, anunciará uma nova estratégia para reviver nosso sistema financeiro, que faça com que o crédito chegue a empresas e famílias", disse, em seu pronunciamento semanal, que foi ao ar ontem de manhã. "Vamos ajudar a baixar os custos das hipotecas e estender os empréstimos a pequenos negócios para que possam criar empregos."
Ao voltar a comentar o fato de empresas financeiras terem pago cerca de US$ 20 bilhões a executivos em bônus em 2008, Obama disse que a prática é vergonhosa e prometeu medidas que impeçam que isso volte a acontecer.
Especula-se que novos anúncios ocorram nos próximos dias e marquem a segunda fase do plano de resgate do mercado financeiro, iniciada no ano passado com a aprovação pelo Congresso de um pacote de US$ 700 bilhões, dos quais metade já foi utilizada.
Perde força a hipótese de criação de um "banco ruim", que compraria os chamados "títulos podres" de instituições em dificuldades, o que poderia descongelar o crédito.
O secretário Geithner já se mostrou crítico à ideia, por duvidar de sua eficácia e pelo montante que seria necessário -calcula-se que tais papéis cheguem hoje a US$ 2 trilhões, ou uma vez e meia o PIB brasileiro. O mais provável é um enfoque que atue em várias frentes, segundo relatos vazados à imprensa de reunião realizada na sexta-feira entre Geithner, o presidente do Fed (banco central dos EUA), Ben Bernanke, e a diretora do FDIC (órgão garantidor dos depósitos bancários), Sheila Bair.

Jogo bipartidário
Nesta semana, Obama vê seu outro plano de estímulo econômico passar a ser discutido pelo Senado. Uma primeira versão dele, de US$ 819 bilhões, foi aprovada na semana passada pela Câmara dos Representantes (deputados federais). A proposta não contou com nenhum voto dos republicanos, da oposição, e teve 11 defecções no próprio partido do presidente.
Hoje, o democrata recebe quatro senadores e 11 deputados federais para assistir à final do campeonato nacional de futebol americano. Quatro desses congressistas são republicanos.
Pode estar nos bastidores uma jogada que fará com que os democratas consigam no Senado uma maioria à prova de obstrução, de 60% -hoje, das 100 cadeiras, 56 são ocupadas por democratas, 2 são independentes que votam com a situação e uma corrida permanece indefinida, mas com atual vantagem para os democratas.
Se Obama convidar o republicano Judd Gregg para a Secretaria do Comércio, seu substituto no Senado será apontado pelo governador de New Hampshire, que é democrata.


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