São Paulo, segunda, 1 de fevereiro de 1999

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Empresas já esperam queda no faturamento previsto para 99

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

As perspectivas de vários setores da indústria e do comércio ficaram piores depois que o governo desvalorizou o real, segundo levantamento do Bic Banco feito com 191 empresas de sete setores.
Antes de o governo liberar o câmbio, as empresas previam para 99 um faturamento real 0,5% maior, em média, do que o de 98. Para a projeção, elas consideraram uma inflação anual de 2%.
Assim que o governo liberou o câmbio, elas refizeram as previsões. Agora, as empresas dos setores agropecuário, bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e não-duráveis, atacadistas e varejistas acham que o faturamento real não cresce.
Deve cair entre 3% e 4%, em média, e isso considerando uma inflação anual entre 6% e 7%. Na época da pesquisa, a desvalorização do real estava em torno de 25%.
Luiz Rabi, chefe do departamento econômico do Bic Banco, diz que é provável que as empresas estejam até mais pessimistas do que há dez dias, quando começaram a responder os questionários, pois a desvalorização já superou 30%.
Na sua análise, as empresas prevêem queda de faturamento devido a perda do poder de compra do consumidor com a volta da inflação, do ajuste fiscal, que resulta na diminuição de renda na economia, e da retração dos investimentos.
Pela pesquisa do Bic Banco, o faturamento nominal das empresas já cresce com a desvalorização. Antes da mexida no câmbio, 76,8% das empresas previam aumento do faturamento nominal. Depois do câmbio flutuante, 81% delas já projetam o aumento.
Paulo Mallmann, diretor financeiro do Bic Banco, diz que o faturamento nominal deve crescer sobretudo em razão da alta dos preços e da expectativa do aumento das exportações. Pela pesquisa, a desvalorização não terá grande impacto sobre o nível emprego. Antes, as empresas previam, na média, uma redução de 1,2% no quadro de funcionários. Depois, esse percentual caiu para 0,9%.
Segundo o banco, antes da mudança na política cambial, 39,1% das empresas previam redução no nível de emprego. Depois, 32,1%.
Na pesquisa do Bic Banco, as perspectivas de exportações é que melhoraram. Antes da desvalorização do real, 84,5% das empresas projetavam aumento das vendas no mercado externo. Agora, 91,8% prevêem que vão exportar mais. Nos cálculos do banco, na média, as empresas consultadas vão vender no mercado internacional 6,8% mais em 99. Antes da mexida no câmbio, era 5,1%.
O setor agropecuário, na análise do banco, se demitir, vai ser menos do que outros setores, pois é exportador. Já a indústria de bens duráveis (eletroeletrônicos) deve dispensar mais porque é muito dependente de insumos importados.



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