São Paulo, terça-feira, 01 de março de 2005

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Bovespa bate recordes de pontos e movimentação diária em fevereiro e deixa outras aplicações para trás

Estrangeiro leva Bolsa a alta de 15,6% no mês

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da queda de 1,01% no pregão de ontem, a Bovespa teve em fevereiro seu melhor mês desde outubro de 2002. A valorização da Bolsa acumulada no mês ficou em 15,56%, muito acima de qualquer outra aplicação financeira.
Analistas são unânimes ao apontarem o significativo volume de compras feitas por investidores estrangeiros no mês como decisivo para a disparada do mercado acionário no período.
O saldo das compras e vendas de ações com capital estrangeiro no mês chegou ao dia 25 positivo em R$ 2,78 bilhões. Em todo o ano passado, esse saldo foi de R$ 1,80 bilhão. No acumulado do ano, as compras superam as vendas em R$ 3,35 bilhões.
Uma inversão desse movimento -estrangeiros passando a mais vender que comprar ações- teria impacto negativo no mercado acionário doméstico. Mas analistas por enquanto não vêem uma bolha. "Não acho que a Bolsa devolveria todo o ganho acumulado nas últimas semanas. Aconteceria uma perda da atual força, mas nada muito preocupante", diz Lúcio Graccho, diretor de renda variável do HSBC Asset.
Neste ano, a fatia percentual representada pelos negócios feitos por estrangeiros é a maior em pelo menos uma década, chegando a 32,4% do total.
Em fevereiro, os estrangeiros passaram a investir com maior interesse nos mercados emergentes, sendo o brasileiro um dos grandes privilegiados. Isso aconteceu após a redução do temor de que os juros pudessem ser elevados de modo mais consistente nos Estados Unidos. Isso teria força para fazer um movimento inverso do atual: levar dinheiro de fundos estrangeiros aplicados aqui para o mercado americano.

Liderança
No caso de aplicações mais tradicionais, como os fundos DI e de renda fixa -que acompanham a evolução dos juros-, a rentabilidade foi bem menor que a do mercado acionário. Mas o retorno não pode ser chamado de ruim, num momento em que o país tem as maiores taxas reais (descontada a inflação) do planeta.
O CDI -referência para o cálculo da rentabilidade dos fundos DI- deu 1,22% no mês passado. Os fundos de renda fixa renderam na média 1,18%. Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), que têm ganho mais aplicadores a cada dia, chegaram a render 1,36%.
O dólar não mudou sua tendência de baixa e foi a pior opção de investimento no mês passado. A moeda americana caiu 0,80% em fevereiro e 2,45% no ano.
Mas a alta da Bolsa ainda não provocou uma corrida para os fundos de ações. A captação -diferença entre o aplicado e o resgatado- da categoria estava positiva em R$ 89 milhões em fevereiro até o dia 23, segundo a Anbid.
Os fundos DI captaram R$ 2,95 bilhões no mesmo período, e os de renda fixa tiveram entrada líquida de recursos de R$ 1,79 bilhão. O mercado de fundos com um todo registrava captação de R$ 4,3 bilhões a uma semana do fim do mês.

Cautela
Apesar de não haver previsões de quedas representativas na Bolsa no curto prazo, entrar agora no mercado pode não ser o melhor momento. "A Bolsa subiu muito em pouco tempo. Por isso, não será surpresa se houver alguma realização de lucros [venda de ações para embolsar os ganhos] no curto prazo", diz Luiz Antonio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Os lucros recordes de 2004, especialmente nos setores bancário e siderúrgico, também ajudaram a dar novo ânimo ao mercado acionário.
A Bovespa atingiu na quinta-feira passada a maior pontuação de sua história (28.436 pontos).
O alto volume de negócios realizados na Bolsa diariamente neste ano é um dado positivo apontado por analistas. Segundo a consultoria Economática, o giro financeiro diário de fevereiro -R$ 2,08 bilhões, até o dia 25- foi o maior da história da Bolsa.


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