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Para diretor do Banco Central,
inflação está mais perto da meta
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor de Política Monetária
do Banco Central, Rodrigo Azevedo, afirmou ontem que o Brasil
caminha para o cumprimento da
meta de inflação neste ano. "A
probabilidade de que a inflação se
aproxime do centro da meta é
maior hoje do que quando o BC
iniciou o atual ciclo de elevações
dos juros", disse Azevedo em seminário promovido pela Febraban em São Paulo.
Numa análise sobre a política
monetária do BC, Azevedo argumentou ainda que "o instrumento usado [para conter a inflação]
tem sido eficaz".
No entanto, entre os economistas participantes do evento, o tom
em relação à meta de inflação era
outro. Para Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, ainda há indícios de inércia inflacionária na economia brasileira. "O
Brasil não está condenado a ter
metas de inflação altas, mas a
inércia está presente e se relaciona
a mecanismos formais e informais de indexação de inflação",
afirmou. Como exemplo, ele citou
índices que reajustam os contratos públicos.
Outro componente que pode
atrapalhar o cumprimento da
meta é a possibilidade de choques
de oferta, como a elevação dos
preços das commodities em 2004.
"Ainda há razoável dúvida sobre
os efeitos defasados dos choques
do ano passado", avaliou Loyola.
Para os economistas presentes
no evento da Febraban, esse conjunto de fatores pode atrasar o
funcionamento da política monetária, o que poderia causar uma
"overdose" de elevação de taxas
de juros por parte do BC como
forma de conter as pressões inflacionárias.
Apesar de dificuldades para alcançar o objetivo da taxa de inflação de 5,1%, a elevação do centro
da meta foi descartada pelos economistas. "Aumentar o centro da
meta é uma falsa solução. Seria
uma sinalização [para o mercado]
de que o controle da inflação não
é tão importante assim", afirmou
Claudio Haddad, diretor-presidente do Ibmec.
Câmbio e inflação
A apreciação do real é apontada
como uma aliada para o cumprimento da meta de inflação. "O
câmbio não é problema. É parte
da solução", diz Loyola, ex-BC.
"Acredito que a queda do dólar
vai ser acompanhada de queda da
inflação", afirmou Ilan Goldfajn,
ex-diretor de Política Econômica
do BC. Mas a discussão sobre a
valorização da moeda brasileira
desperta as lamúrias do setor exportador brasileiro. Discussões
sobre algum mecanismo de entrada de capitais a fim de conter a
escalada do real têm surgido.
Para Goldfajn, porém, usar o
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) para reduzir o influxo de capitas seria um erro. "Estamos num momento político e
econômico ideal para fazer o inverso: liberalizar e desburocratizar o mercado cambial", afirmou.
O mesmo argumento foi defendido por outros economistas.
O diretor de Política Monetária
do BC afirmou que o tema interessa a instituição. "Desburocratizar e simplificar as normas cambiais brasileiras estão na agenda.
As normas foram feitas num contexto totalmente diferente do de
hoje", afirmou ele.
Segundo Azevedo, na agenda
do BC está também a diminuição
do patamar do depósito compulsório. Mas esse é um projeto "de
médio a longo prazo".
A curto prazo, o BC promove
políticas de recomposição de reservas internacionais. "As condições de mercado nos permitem
isso. Temos quem queira vender
[moeda]. Aproveitamos."
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