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Lula resiste a alíquota maior de IR
Ministério da Fazenda estuda adoção de um percentual superior ao teto de 27,5% em vigor atualmente
Presidente quer priorizar alívio para a classe média, o que reforça chance de criação de alíquotas intermediárias, entre 15% (piso) e 27,5%
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de o Ministério da Fazenda estudar a criação de uma
alíquota de IR (Imposto de
Renda) das pessoas físicas superior a 27,5%, a mais alta
atualmente, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva resiste a
bancar uma proposta nesse
sentido. Motivo: a intenção de
Lula é alterar o IR de modo a
produzir um alívio para a classe
média, o que reforça a possibilidade de criação das alíquotas
intermediárias ao piso e ao teto
atuais -respectivamente, de
15% e 27,5%. Desde a campanha de 2006, Lula vem recebendo sugestões de auxiliares
para adotar uma medida simpática à classe média.
Nas palavras de um ministro,
se houver elevação de alíquota,
seria para uma faixa salarial "da
classe alta, e não da classe média". A Fazenda considera uma
alíquota de 30% para essa
"classe alta".
"Qualquer número é especulação", disse à Folha o ministro
Guido Mantega. Segundo ele,
os estudos estão em fase inicial,
e não há decisão tomada.
Durante o primeiro mandato
de Lula, a idéia de aumentar o
número de alíquotas e de criar
uma superior a 27,5% foi estudada pela área econômica.
Além das dificuldades políticas
de uma medida assim, o então
ministro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, disse a Lula que o
efeito sobre a arrecadação poderia ser pior que o esperado.
Segundo as razões expostas
por Palocci e pela Receita no
primeiro mandato, uma alíquota superior a 27,5% poderia
estimular a terceirização de
empregados, que se transformariam em pessoas jurídicas.
Ou seja, haveria menos gente
para contribuir com um alíquota superior a essa. A depender do efeito, poderia ser arrecadado menos com o tributo.
Segundo um ministro, não
há ambiente político para Lula
propor aumento do IR ao Congresso neste ano. Há eleições
municipais em outubro. Mais:
na reunião da cúpula do governo na última segunda, Mantega
não mencionou alíquota superior a 27,5%. Só falou em faixas
intermediárias entre a menor e
a maior alíquota atual.
Na campanha de 2002, Lula
chegou a defender alíquota de
50% de IR para pessoas físicas.
"A classe média está sufocada.
Precisamos criar alíquotas
mais justas, numa escala que vá
de 5% a 50%", disse à época.
A declaração foi considerada
um dos maiores erros do então
candidato, que abandonou a
idéia. Apesar de ele ter mencionado a alíquota de 50%, sua intenção era criar uma série de
alíquotas para cobrar menos IR
dos salários menores e mais
dos vencimentos maiores.
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