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TURBULÊNCIA
IIF ainda vê ambiente favorável e prevê que fluxo suba de US$ 303 bi para US$ 311 bi; maior fatia vai para a China
Risco não reduz investimento em emergente
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Ao mesmo tempo em que
anunciava a iminência do fim do
dinheiro fácil para os emergentes,
o IIF (sigla em inglês para Instituto para a Finança Internacional)
previa nova alta do fluxo de investimentos em tais mercados, dos
US$ 303,4 bilhões do ano passado
para US$ 310,7 bilhões neste ano.
Parece contradição insanável,
mas não é: Jacques de Larosière,
ex-diretor-gerente do FMI, hoje
no grupo francês Paribas, diz que
a maior fatia dos investimentos
vai para uma só direção: a China.
De fato, o país absorve 65% do
total dos investimentos em mercados emergentes e não é afetado,
em tese, pelos fatores que poderiam levar a uma crise de liquidez
para os demais emergentes, pela
fenomenal atração que exerce sobre os investidores.
No caso da América Latina, o
fluxo vai aumentar 2005, ao passar dos US$ 29,9 bilhões de 2004
para US$ 42,9 bilhões. México e
Brasil ficam com quase três quartos desse volume, que, de todo
modo, é pequeno em relação ao
total global de US$ 310,7 bilhões.
Esse volume representa o segundo maior dos 20 anos mais recentes e fica US$ 190 bilhões acima do ponto baixo de 2002.
Os fatores que ainda empurram
para cima o fluxo são os seguintes, segundo o relatório do IIF:
"Um ambiente financeiro global
ainda favorável; a continuação da
recuperação econômica global; e
crescente confiança na performance de países emergentes determinantes". Embora o Brasil
não seja citado no relatório, a confiança na sua performance foi explicitada na entrevista simultânea
à divulgação do relatório.
O que poderia puxar para baixo
o fluxo de investimentos seriam,
para o relatório, "tensões geopolíticas e as incertezas sobre o preço
do petróleo", além, é claro, de
uma subida mais acelerada do juro dos EUA, o que deixaria menos
atraentes os países de maior risco.
Mas há igualmente um fator
que diz respeito em tese ao Brasil:
"Um relaxamento da performance política de economias emergentes não pode ser descartado,
especialmente se a complacência
se instalar nas decisões políticas
como conseqüência de um período bastante longo de ambiente financeiro global favorável".
Outro fator de risco, diz o IIF, é
o nível da dívida. "Historicamente, os emergentes com relação dívida/PIB de mais de 40% são muito mais propensos a experimentar
dificuldades em servir a dívida",
diz o texto. O Brasil tem relação
dívida/PIB de 51,3% do PIB.
(CR)
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