São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TURBULÊNCIA

IIF ainda vê ambiente favorável e prevê que fluxo suba de US$ 303 bi para US$ 311 bi; maior fatia vai para a China

Risco não reduz investimento em emergente

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Ao mesmo tempo em que anunciava a iminência do fim do dinheiro fácil para os emergentes, o IIF (sigla em inglês para Instituto para a Finança Internacional) previa nova alta do fluxo de investimentos em tais mercados, dos US$ 303,4 bilhões do ano passado para US$ 310,7 bilhões neste ano.
Parece contradição insanável, mas não é: Jacques de Larosière, ex-diretor-gerente do FMI, hoje no grupo francês Paribas, diz que a maior fatia dos investimentos vai para uma só direção: a China.
De fato, o país absorve 65% do total dos investimentos em mercados emergentes e não é afetado, em tese, pelos fatores que poderiam levar a uma crise de liquidez para os demais emergentes, pela fenomenal atração que exerce sobre os investidores.
No caso da América Latina, o fluxo vai aumentar 2005, ao passar dos US$ 29,9 bilhões de 2004 para US$ 42,9 bilhões. México e Brasil ficam com quase três quartos desse volume, que, de todo modo, é pequeno em relação ao total global de US$ 310,7 bilhões.
Esse volume representa o segundo maior dos 20 anos mais recentes e fica US$ 190 bilhões acima do ponto baixo de 2002.
Os fatores que ainda empurram para cima o fluxo são os seguintes, segundo o relatório do IIF: "Um ambiente financeiro global ainda favorável; a continuação da recuperação econômica global; e crescente confiança na performance de países emergentes determinantes". Embora o Brasil não seja citado no relatório, a confiança na sua performance foi explicitada na entrevista simultânea à divulgação do relatório.
O que poderia puxar para baixo o fluxo de investimentos seriam, para o relatório, "tensões geopolíticas e as incertezas sobre o preço do petróleo", além, é claro, de uma subida mais acelerada do juro dos EUA, o que deixaria menos atraentes os países de maior risco.
Mas há igualmente um fator que diz respeito em tese ao Brasil: "Um relaxamento da performance política de economias emergentes não pode ser descartado, especialmente se a complacência se instalar nas decisões políticas como conseqüência de um período bastante longo de ambiente financeiro global favorável".
Outro fator de risco, diz o IIF, é o nível da dívida. "Historicamente, os emergentes com relação dívida/PIB de mais de 40% são muito mais propensos a experimentar dificuldades em servir a dívida", diz o texto. O Brasil tem relação dívida/PIB de 51,3% do PIB. (CR)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Palocci ressalta "músculo forte" contra crise
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.