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Palocci ressalta
"músculo forte"
contra crise
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, apresenta números sólidos para defender a tese de que "a musculatura da economia brasileira está muito mais
fortalecida para passar por algum
nível de problema externo", tal
como previsto pela banca internacional.
Primeiro número: o resultado
da conta corrente, a que mede as
transações com o exterior, passou
de um déficit equivalente a 5% do
PIB, em 2002, para um saldo de
2% no ano passado.
Segundo dado: a dívida interna
em moeda estrangeira, que correspondia a 40% do total, reduziu-se para apenas 7%.
Com esses números, de fato diminui substancialmente a possibilidade de uma crise externa, como a que aconteceu em 2002 e
provocou uma fuga de capitais
avaliada pelo próprio ministro
em US$ 30 bilhões.
É verdade que a crise de 2002 foi
provocada pelo receio dos investidores estrangeiros de uma vitória
do PT, antes de o partido se converter à ortodoxia. Apesar disso, o
fato é que as vulnerabilidades
contabilizadas por Palocci davam
condições para o terrorismo financeiro.
Agora, apesar de a musculatura
estar diferente e mais forte, permanece a possibilidade de que
turbulências internacionais provoquem desaceleração na economia brasileira.
O ministro, no entanto, diz que
não é pessimista sobre as perspectivas globais para este ano. Palocci
admite que há "duas questões que
trazem certas nuvens, quais sejam, o ritmo da alta dos juros dos
EUA e o preço do petróleo".
Mas diz que "não são elementos
suficientes para uma mudança no
cenário de crescimento mundial".
Já sobre o efeito do aumento
dos juros nos Estados Unidos,
que tende a reduzir investimentos
mais arriscados, o ministro acredita que é um problema passageiro. "Há, de fato, uma mudança no
período de transição para o novo
patamar dos juros; depois, acomoda", diz.
Setubal
Roberto Setubal, presidente do
Itaú, toma todos os cuidados para
elogiar a política econômica do
governo Lula, mas ainda assim
admite que o chamado "efeito Severino" torna "menos eficiente" o
processo legislativo.
"Fica mais difícil que as votações caminhem de acordo com a
programação do governo", diz o
presidente do Itaú, que está em
Madri para o encontro de primavera (no hemisfério Norte) do IIF,
o Instituto para as Finanças Internacionais, o conglomerado dos
maiores bancos do planeta.
O banqueiro evita também fazer
previsões sobre juros, mas diz
que, se for seguida à risca a meta
de inflação para este ano (5,5%),
"o Banco Central corre o risco de
aumentar ainda mais os juros".
Setubal acha, no entanto, que o
BC já vai começar a olhar para
2006 e a meta de 4,5%, já que
qualquer mexida nos juros só tem
efeito a médio prazo (de seis a nove meses à frente).
Se for de fato assim, os juros até
caem. "A meta é perfeitamente
atingível mesmo que os juros
caiam a partir do segundo semestre", diz Setubal.
(CR)
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