São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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Palocci ressalta "músculo forte" contra crise

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, apresenta números sólidos para defender a tese de que "a musculatura da economia brasileira está muito mais fortalecida para passar por algum nível de problema externo", tal como previsto pela banca internacional.
Primeiro número: o resultado da conta corrente, a que mede as transações com o exterior, passou de um déficit equivalente a 5% do PIB, em 2002, para um saldo de 2% no ano passado.
Segundo dado: a dívida interna em moeda estrangeira, que correspondia a 40% do total, reduziu-se para apenas 7%.
Com esses números, de fato diminui substancialmente a possibilidade de uma crise externa, como a que aconteceu em 2002 e provocou uma fuga de capitais avaliada pelo próprio ministro em US$ 30 bilhões.
É verdade que a crise de 2002 foi provocada pelo receio dos investidores estrangeiros de uma vitória do PT, antes de o partido se converter à ortodoxia. Apesar disso, o fato é que as vulnerabilidades contabilizadas por Palocci davam condições para o terrorismo financeiro.
Agora, apesar de a musculatura estar diferente e mais forte, permanece a possibilidade de que turbulências internacionais provoquem desaceleração na economia brasileira.
O ministro, no entanto, diz que não é pessimista sobre as perspectivas globais para este ano. Palocci admite que há "duas questões que trazem certas nuvens, quais sejam, o ritmo da alta dos juros dos EUA e o preço do petróleo".
Mas diz que "não são elementos suficientes para uma mudança no cenário de crescimento mundial".
Já sobre o efeito do aumento dos juros nos Estados Unidos, que tende a reduzir investimentos mais arriscados, o ministro acredita que é um problema passageiro. "Há, de fato, uma mudança no período de transição para o novo patamar dos juros; depois, acomoda", diz.

Setubal
Roberto Setubal, presidente do Itaú, toma todos os cuidados para elogiar a política econômica do governo Lula, mas ainda assim admite que o chamado "efeito Severino" torna "menos eficiente" o processo legislativo.
"Fica mais difícil que as votações caminhem de acordo com a programação do governo", diz o presidente do Itaú, que está em Madri para o encontro de primavera (no hemisfério Norte) do IIF, o Instituto para as Finanças Internacionais, o conglomerado dos maiores bancos do planeta.
O banqueiro evita também fazer previsões sobre juros, mas diz que, se for seguida à risca a meta de inflação para este ano (5,5%), "o Banco Central corre o risco de aumentar ainda mais os juros".
Setubal acha, no entanto, que o BC já vai começar a olhar para 2006 e a meta de 4,5%, já que qualquer mexida nos juros só tem efeito a médio prazo (de seis a nove meses à frente).
Se for de fato assim, os juros até caem. "A meta é perfeitamente atingível mesmo que os juros caiam a partir do segundo semestre", diz Setubal. (CR)


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