São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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SIDERURGIA

Recurso será usado para expansão da capacidade de usinas e para consolidar participações em uma única holding

Arcelor investirá US$ 3 bi no país até 2007

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em visita ao Brasil, o presidente mundial da Arcelor, Guy Dollé, afirmou ontem que o grupo investirá US$ 3 bilhões no país de 2005 a 2007 e que, neste ano, a demanda mundial por aço crescerá num ritmo mais lento.
O dinheiro será usado para expandir a capacidade de produção das usinas que a Arcelor controla no país e para consolidar suas participações nessas empresas em uma única holding.
Em expansão, serão gastos US$ 2 bilhões -dos quais US$ 1 bilhão já está sendo aplicado no terceiro alto-forno da CST. A Arcelor aumentou no ano passado sua participação na usina capixaba para 73%, ao comprar a parte da Vale do Rio Doce.
Outro US$ 1 bilhão será destinado à criação da holding, que fundirá todos os ativos da Arcelor no Brasil, terá ações negociadas na Bovespa e nascerá com valor de mercado de US$ 7 bilhões a US$ 8 bilhões. "O que é muito", diz Dollé, comparando com os ativos do grupo na Europa.
Lá, o valor de mercado da Arcelor, criada em 2002 a partir da fusão de Usinor (França), Arbed (Luxemburgo) e Aceralia (Espanha), é de US$ 15 bilhões. Ao final da expansão da CST, em 2007, o Brasil representará 25% da produção do grupo no mundo e um terço do valor de seus ativos.
A maior parte dos recursos destinados à criação da holding será gasta para adquirir a participação dos fundos de pensão na Acesita, que dividem o controle com da empresa com a Arcelor. O grupo detém 28% da companhia e negocia a compra dos 20% que pertencem aos fundos, liderados pela Previ.
A idéia, diz Dollé, é que 60% da holding fique com a Arcelor. O resto será pulverizado no mercado ou pode ficar nas mãos de sócios. "Queremos que essa nova sociedade seja uma blue chip da Bovespa, com liquidez e rentabilidade de suas ações". Ele disse ainda que o BNDES e fundos de pensão também poderão participar do capital da holding.
Segundo Dollé, a nova holding poderá ser criada "em dois momentos". Primeiro, poderão se fundir CST, Belgo Mineira -cuja participação da Arcelor é de 54%- e Vega do Sul -fabricante de aços planos de Santa Catarina, na qual o grupo tem 92%. Esse processo, diz, já pode ser feito a partir de agora, pois já há capital suficiente em poder da Arcelor nessas companhias para constituir a holding.
Numa segunda etapa, a Acesita poderá ser incorporada à holding até dezembro, quando termina o prazo estabelecido com os fundos para a negociação.

Demanda e novos projetos
Dollé disse ainda que a demanda mundial por aço já dá sinais de arrefecimento e crescerá menos neste ano. Terá um aumento de 4%, contra 9% do ano passado. A produção da Arcelor, porém, deve crescer de 47 milhões de toneladas para 52 milhões de toneladas, graças ao aumento da participação na CST.
Apesar da importância do Brasil nos ativos da Arcelor, o executivo disse que a expansão da siderurgia mundial terá três países como eixos principais: Rússia, China e Índia. E é para lá, afirma Dollé, que devem se voltar os maiores investimentos. Nesses países, os custos de instalação de usinas são mais baixos do que no Brasil, que tem "custos parecidos com os da Europa".
Ainda assim, a companhia estuda participar de uma usina da placas no Maranhão, em sociedade com a Vale do Rio Doce. A Arcelor, no entanto ainda analisa o projeto, que, por causa do aumento do minério de ferro e de outros variáveis, não tem se mostrado dos mais atrativos.


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