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SIDERURGIA
Recurso será usado para expansão da capacidade de usinas e para consolidar participações em uma única holding
Arcelor investirá US$ 3 bi no país até 2007
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em visita ao Brasil, o presidente
mundial da Arcelor, Guy Dollé,
afirmou ontem que o grupo investirá US$ 3 bilhões no país de
2005 a 2007 e que, neste ano, a demanda mundial por aço crescerá
num ritmo mais lento.
O dinheiro será usado para expandir a capacidade de produção
das usinas que a Arcelor controla
no país e para consolidar suas
participações nessas empresas em
uma única holding.
Em expansão, serão gastos US$
2 bilhões -dos quais US$ 1 bilhão já está sendo aplicado no terceiro alto-forno da CST. A Arcelor aumentou no ano passado sua
participação na usina capixaba
para 73%, ao comprar a parte da
Vale do Rio Doce.
Outro US$ 1 bilhão será destinado à criação da holding, que fundirá todos os ativos da Arcelor no
Brasil, terá ações negociadas na
Bovespa e nascerá com valor de
mercado de US$ 7 bilhões a US$ 8
bilhões. "O que é muito", diz Dollé, comparando com os ativos do
grupo na Europa.
Lá, o valor de mercado da Arcelor, criada em 2002 a partir da fusão de Usinor (França), Arbed
(Luxemburgo) e Aceralia (Espanha), é de US$ 15 bilhões. Ao final
da expansão da CST, em 2007, o
Brasil representará 25% da produção do grupo no mundo e um
terço do valor de seus ativos.
A maior parte dos recursos destinados à criação da holding será
gasta para adquirir a participação
dos fundos de pensão na Acesita,
que dividem o controle com da
empresa com a Arcelor. O grupo
detém 28% da companhia e negocia a compra dos 20% que pertencem aos fundos, liderados pela
Previ.
A idéia, diz Dollé, é que 60% da
holding fique com a Arcelor. O
resto será pulverizado no mercado ou pode ficar nas mãos de sócios. "Queremos que essa nova
sociedade seja uma blue chip da
Bovespa, com liquidez e rentabilidade de suas ações". Ele disse ainda que o BNDES e fundos de pensão também poderão participar
do capital da holding.
Segundo Dollé, a nova holding
poderá ser criada "em dois momentos". Primeiro, poderão se
fundir CST, Belgo Mineira -cuja
participação da Arcelor é de
54%- e Vega do Sul -fabricante de aços planos de Santa Catarina, na qual o grupo tem 92%. Esse
processo, diz, já pode ser feito a
partir de agora, pois já há capital
suficiente em poder da Arcelor
nessas companhias para constituir a holding.
Numa segunda etapa, a Acesita
poderá ser incorporada à holding
até dezembro, quando termina o
prazo estabelecido com os fundos
para a negociação.
Demanda e novos projetos
Dollé disse ainda que a demanda mundial por aço já dá sinais de
arrefecimento e crescerá menos
neste ano. Terá um aumento de
4%, contra 9% do ano passado. A
produção da Arcelor, porém, deve crescer de 47 milhões de toneladas para 52 milhões de toneladas, graças ao aumento da participação na CST.
Apesar da importância do Brasil
nos ativos da Arcelor, o executivo
disse que a expansão da siderurgia mundial terá três países como
eixos principais: Rússia, China e
Índia. E é para lá, afirma Dollé,
que devem se voltar os maiores
investimentos. Nesses países, os
custos de instalação de usinas são
mais baixos do que no Brasil, que
tem "custos parecidos com os da
Europa".
Ainda assim, a companhia estuda participar de uma usina da placas no Maranhão, em sociedade
com a Vale do Rio Doce. A Arcelor, no entanto ainda analisa o
projeto, que, por causa do aumento do minério de ferro e de
outros variáveis, não tem se mostrado dos mais atrativos.
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