São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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RELAÇÕES PERIGOSAS

PF havia requerido detenção de banqueiro e da presidente da Brasil Telecom por não terem prestado depoimento

Justiça nega pedido de prisão de Dantas

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz Luiz Renato Pacheco Chaves, da 5ª Vara Federal de São Paulo, indeferiu ontem um pedido de prisão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e da executiva Carla Cicco, presidente da Brasil Telecom. O pedido de prisão havia sido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
O juiz determinou que os advogados de Dantas e de Cicco forneçam em juízo, em um prazo de 48 horas, a data, o horário e o local em que os dois possam receber a intimação da autoridade policial. O pedido de prisão foi motivado pelo fato de a Polícia Federal não ter localizado nem Dantas nem Cicco para depor, após várias tentativas. O juiz preferiu dar um prazo a Dantas e Cicco.
Dantas e Cicco são investigados em inquérito policial que tramita na 5ª Vara da Justiça Federal em São Paulo e que tem como foco atos ilícitos praticados pela empresa de investigação Kroll e que teriam sido utilizados também para obter informações destinadas à Brasil Telecom e ao Opportunity.
Dantas e Cicco estão em viagens a negócios no exterior. Os advogados do Opportunity e da Brasil Telecom, Antonio Carlos de Almeida Castro e Nélio Machado, classificaram o pedido da Polícia Federal como "excesso", "sem fundamento" e "absurdo".
De acordo com Castro, o único contato feito pela Polícia Federal, na tentativa de convocar Dantas para depor ocorreu no último dia 9 de março, quando ele já estaria em Londres, em viagem de negócios que também se estendeu a Nova York, cidade na qual ele ainda estaria.
"Esses pedidos não têm nenhum fundamento. São um absurdo. Há uma petição nossa [advogados de defesa] informando que eles estariam fora do país por conta dos negócios. Temos interesse em que eles prestem depoimento. Com esse fato [pedido de prisão apresentado à Justiça], vamos procurar a Polícia Federal e nos colocar à disposição para trazê-los de volta, para prestar depoimento", afirmou Castro.
Conforme revelou a Folha, em julho passado, a Brasil Telecom contratou a Kroll para investigar a Telecom Italia, com a qual trava batalhas judiciais. As práticas da Kroll no Brasil, conforme revelou a investigação da Polícia Federal, incluem pagamento de servidores públicos por informações reservadas.


Colaborou Guilherme Barros, colunista da Folha

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