São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO MUNDIAL Em encontro no Rio, chanceler diz que comissário europeu não está concentrado nas negociações com o bloco Amorim não vê UE animada com Mercosul
DA SUCURSAL DO RIO No primeiro dia de reuniões para tentar destravar a rodada de Doha da OMC (Organização Mundial de Comércio), o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) preferiu ressaltar o desinteresse da União Européia num acordo com Mercosul, dizendo que o comissário de Comércio do bloco, Peter Mandelson, "confessou que não estava muito concentrado" nas negociações com o Mercosul. Reunido ontem no Rio com Mandelson, Amorim disse, no entanto, que houve um avanço -discreto, já que não foram feitas ofertas formais, mas apenas "aventadas hipóteses" do que poderia ser colocado na mesa de negociação. O ministro também manteve encontros bilaterais com o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, e com o secretário de Comércio dos EUA, Rob Portman. Ele evitou, porém, falar da Rodada Doha. Hoje, as reuniões tratarão especificamente da rodada, em conjunto com os quatro representantes comerciais. Sobre a negociação paralela com a UE, Amorim disse que o Brasil e seus parceiros "se propuseram a fazer um reality check", que no jargão diplomático significa checar quais as reais possibilidades de negociação. "Vamos ver o que é possível dentro das coisas que eles [UE] desejam." Neste mês, o Mercosul propôs reduzir tarifas do setor automotivo e abrir mercados para serviços financeiros e tarifas. Queria da UE, em troca, cotas para a venda de carnes e álcool, além de abertura total por dez anos para produtos agrícolas processados. Mas Mandelson jogou um balde de água fria nessas intenções, ao dizer que a prioridade da UE era negociar a rodada de Doha. Mantega e manifesto Indagado sobre as declarações de Mandelson ao jornal "Valor Econômico" de que a ida de Guido Mantega para o Ministério da Fazenda poderia atrapalhar as negociações, pois o novo ministro descarta uma redução substancial nas tarifas de importação de produtos industriais, Amorim foi irônico: "Ele fez isso? Não posso crer. Não é possível. Ele nem conhece Guido Mantega". Amorim disse ainda ter reiterado ao comissário europeu "que a posição do Brasil nesse ponto" já havia sido definida e que não há alteração. Ontem, cerca de 60 manifestantes de movimentos sociais se concentraram em frente ao Copacabana Palace. Representantes do MST, MRST, Contag e outros entregaram carta a Amorim na qual pedem o fim das negociações no âmbito da OMC, que destruiria 2 milhões de empregos no Brasil. Texto Anterior: Duelo de Titãs: Desenvolvimento vira divergência entre Prêmios Nobel Próximo Texto: Brasil está mais ofensivo para negociar, diz OMC Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |