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Brasil está mais ofensivo para negociar, diz OMC
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em visita ao Brasil, o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy,
afirmou ontem que vê o Brasil
mais "ofensivo" nas negociações
para a concretização da Rodada
Doha, um acordo global para liberalização comercial.
Ser "ofensivo", na visão de
Lamy, significa que o país não está travado para abrir frentes de
negociação, ainda que sejam consideradas sensíveis, como alguns
setores industriais brasileiros. "A
minha experiência mostra que a
indústria brasileira está muito
competitiva." Mais do que um
mero adjetivo, a afirmação de
Lamy é um reconhecimento de
que o Brasil não exerce uma negociação intransigente.
Apesar do afago, Lamy voltou a
pedir ao setor industrial brasileiro, em reunião ontem na Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que se prepare
para fazer uma abertura maior.
"Estou completamente convencido de que vocês vão ter que se
mover além da fórmula suíça 30",
disse o diretor-geral da OMC.
A atual proposta da indústria
brasileira para a redução de tarifas é a aplicação de fórmula suíça
com coeficiente 30, conhecida
simplesmente como "suíça 30". O
mecanismo promoveria um corte
de 50% nas tarifas consolidadas
de bens industriais.
Já a Fiesp respondeu a Lamy
que o Brasil não deverá melhorar
a sua oferta industrial se não houver mais avanços nas propostas
para a área agrícola feitas pela
União Européia e pelos EUA.
"Atualmente, a "suíça 30" é o nosso teto. Não estamos fechando as
portas, podemos até aceitar uma
abertura maior, mas tudo depende do outro lado da negociação.
Hoje, a "suíça 30" é muito mais do
que eles nos ofereceram", afirmou Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de
Relações Internacionais da Fiesp.
Mais negociações
Após o encontro na Fiesp, em
São Paulo, Lamy foi para o Rio de
Janeiro para um encontro entre
os representantes de comércio do
Brasil (ministro Celso Amorim),
dos EUA (Robert Portman) e da
UE (Peter Mandelson). Entre os
participantes do evento na Fiesp,
a expectativa em relação a resultados práticos desse encontro era
bastante pequena. "Não estou
muito otimista com essa reunião,
mas acho positivo que haja um esforço em nível tão alto", disse o
consultor Mario Marconini.
Sobre o encontro, Lamy, que já
ocupou o cargo de Comissário de
Comércio da UE, afirmou: "Os
três não vão se encontrar para decidir nada. Eles vão explorar, testar novos caminhos e compreender o que é essencial para fazer a
negociação andar", avaliou.
Ao término da última reunião
ministerial da OMC, em dezembro do ano passado, ficou acertada a definição do ano de 2013 para
o fim de todos os subsídios às exportações agrícolas, mas com
uma redução "substancial" em
2010. A questão dos subsídios domésticos, entretanto, continua
em aberto, assim como as negociações do setor industrial. O encontro dos três países, que continua hoje, tenta encontrar algum
ponto de equilíbrio para fazer a
negociação de Doha caminhar.
"O que está na mesa agora não é
suficiente para que uma negociação aconteça. O tamanho do passo que os países terão que dar cabe aos ministros decidir", argumentou Lamy.
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