São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dólar sobe 3,7% e lidera aplicações

Desde agosto moeda não era campeã do ranking mensal de investimentos; Bolsa fica em último lugar, com queda de 3,97%

Poupança dá retorno de 0,54% em março, e fundos DI, de 0,88%; dólar encerra 1º trimestre com queda de 1,35%, e a Bolsa, de 4,57%

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

As turbulências nos mercados levaram as aplicações em moedas, como o euro e o dólar, a liderar o ranking dos investimentos em março. No mês passado, o dólar comercial subiu 3,67%, o que fez a moeda saltar de R$ 1,691 para R$ 1,753.
Foi a primeira vez que a moeda americana, que corrige os fundos cambiais, liderou o ranking mensal das aplicações desde agosto do ano passado, quando subiu 4,3%.
O mesmo aconteceu com o euro, que subiu ainda mais: 7,96%, voltando à marca de R$ 2,7584. No caso, o euro teve valorização em relação ao dólar, que perde valor ante as principais moedas do mundo. No mês passado, o euro subiu 4,77% em relação ao dólar.
No Brasil, o motivo da alta tanto em março como em agosto foi o mesmo: a crise faz o investidor estrangeiro vender aplicações, seja pela aversão ao risco, seja para recompor perdas em seus países de origem.
Pelo mesmo motivo, aplicar em ações foi o pior investimento em março. O Ibovespa perdeu 3,97% no mês passado. Foi o segundo mês de perdas em 2008, só interrompido pela alta de 6,7% em fevereiro. No ano, a Bolsa já perde 4,57%.
"No Brasil, as aplicações cambiais acabam reagindo ao cenário conturbado nos mercados. Não estou otimista com a Bolsa neste ano. Quem tem pouco pode comprar ao longo das baixas, mas quem tem muito deve ver se vale a pena ficar", disse Fabio Colombo, administrador de investimentos.
"Risco é para horizonte de longo prazo. Quando o investidor coloca parte de seu patrimônio em risco, ele deve ter a noção de que má notícia acontece e que o tempo de recuperação é sempre imponderável. Na hora do tiroteio, o melhor é deitar e ficar quieto no chão. Se tentar sair correndo no meio, provavelmente o dano será maior do que ficar esperando a turbulência passar. E só pode ficar quieto, esperando passar, quem não precisa desse dinheiro para o orçamento e para pagar compromissos. O montante em risco não pode ser alto. Aí, entra em pânico, pede resgate, realiza perda, espera quando o mercado se recuperar e entra de novo na alta. Faz tudo errado", disse Marcia Dessen, consultora da Risk Management, de investimentos pessoais.
O investidor que se refugiou em aplicações com ganho de juros teve valorização de 0,89% nos CDBs (grandes valores) dos bancos comerciais. Os que preferiram os fundos DI conseguiram um retorno médio mensal de 0,88%, e os que foram para os fundos de renda fixa, que aplicam em títulos prefixados, levaram 0,79%. A poupança, a única aplicação isenta de impostos, teve retorno médio de 0,54% em março.

Balanço trimestral
No primeiro trimestre, o ouro foi a aplicação mais rentável, com alta de 6,4%, também por conta da crise. Bolsa e dólar foram investimentos de risco, que deram perdas de 4,57% e de 1,35%, respectivamente. Os CDBs deram retorno de 2,77%, e os fundos DI, de 2,64%.


Texto Anterior: "Investment grade" do país atrasa, diz Citi
Próximo Texto: Indústria pode não suprir demanda, diz FGV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.