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Indústria pode não suprir demanda, diz FGV
Segundo a instituição, sondagem aponta para uma expansão "insustentável" no setor, em descompasso com a alta do consumo
Para a FGV, investimento das empresas não deverá surtir efeito imediato para atender crescimento da economia na casa dos 5%
DEISE DE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE
A indústria voltou a dar sinais de reaquecimento em
março e acendeu a "luz amarela" quanto à capacidade do setor de acompanhar a expansão
da demanda no país. Segundo
divulgou a FGV (Fundação Getulio Vargas) ontem, a indústria retomou os patamares de
crescimento do segundo semestre de 2007, que apontam
para uma taxa "insustentável",
segundo a FGV, de 6% ao ano.
A instituição divulgou que o
ICI (Índice de Confiança da Indústria) apontou alta de 5,8%
do otimismo do empresariado,
ao passar de 114,7 para 121,4
pontos. Já o Nuci (Nível de Utilização de Capacidade Instalada), indicador que mede o uso
de máquinas e equipamentos
das indústrias, atingiu 85,2%
em março, após 84,7% em fevereiro e quatro meses em queda.
Segundo Aloísio Campelo
Júnior, coordenador do Núcleo
de Pesquisas e Análises Econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, há
uma disparidade entre a taxa
de investimento (formação
bruta de capital fixo) e as perspectivas de alta da produção.
"Há sinais de que, se conseguirmos ampliar a taxa de formação de capital fixo para 21%
do PIB, podemos falar em expansão de 5% [da indústria].
[...] Mas a taxa não vai chegar a
19% neste ano. Estamos em
uma fase favorável, mas não
preparados para crescer 5%",
avaliou. Em 2007, a taxa de investimento ficou em 17,6% do
PIB (Produto Interno Bruto). A
FGV trabalha com crescimento
potencial do PIB entre 4% e
4,5%, e da indústria, de 5%.
Ainda que os dados da Sondagem Industrial "não sejam
explosivos", Campelo considera a necessidade de um "ajuste
fino" pelo governo para conter
a alta do consumo caso o ritmo
de expansão de mantenha.
"A indústria passa por um repique. Há variáveis, como a demanda interna e externa e o
emprego, que apontam atividade intensa, próxima ao que vigorou no final do ano passado.
[...] Mantido esse ritmo de atividade, que a sondagem sinaliza, é possível haver descasamento entre a oferta e a demanda, não tão pontual [mais
generalizado entre os segmentos], e se faria necessária alguma medida para conter o consumo", diz Campelo. Ele sugere
o aperto fiscal -nos gastos do
governo- como a melhor ferramenta para conter o consumo sem precisar aumentar a taxa básica de juros, a Selic.
Segundo análise do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) sobre
um possível aumento da taxa
de juros para frear o consumo e
conseqüentemente, a inflação
-como sinalizou o Banco Central no último Relatório de Inflação, divulgado na semana
passada-, "as informações
mostram que, após quase um
ano de contínua elevação, a utilização de capacidade instalada
deixou de aumentar".
Para o instituto, a elevação
apontada pela FGV em março
"provavelmente não corresponde a um aumento efetivo".
Para o Iedi, a indústria se mostra capaz de satisfazer à demanda, já que dispõe de uma
folga média entre 17% e 15% do
total da capacidade.
Segundo a FGV, no entanto, a
demanda por produtos industriais mantém-se aquecida. A
proporção de empresas que
avaliam o nível atual de demanda como forte subiu de 27%, em
março de 2007, para 31%; a parcela das que o avaliam como
fraco recuou de 10% para 7%.
Sobre mão-de-obra, 37% das
1.068 indústrias prevêem aumento do contingente nos próximos três meses, e 16%, queda
-contra 25% e 14%, respectivamente, em março de 2007.
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