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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Mas benefício ainda pode sair
Governo veta reajuste menor de tarifas para as eletrointensivas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso vetou benefício concedido pelo Congresso Nacional às empresas do setor eletrointensivo, cujo reajuste extra na tarifa
de energia seria de 2,9% e não
7,9%, como aprovado para as empresas dos demais setores.
Pela proposta, as empresas do
setor eletrointensivo -indústrias
que consomem muita energia,
como fabricantes de alumínio-
teriam um reajuste igual ao autorizado para os consumidores residenciais. Mas o governo ainda
poderá conceder um reajuste menor para o setor.
Os reajustes, que vão durar em
média seis anos, foram autorizados em dezembro para repor perdas que distribuidoras e geradoras de energia alegam ter tido com
o racionamento de energia entre
junho do ano passado e fevereiro
deste ano.
FHC também vetou a possibilidade de a CBEE (Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial) comprar a energia economizada dos eletrointensivos. De
acordo com a justificativa do veto,
a medida seria uma forma de
"transferência de renda para uma
classe específica do consumo industrial" e que isso significaria
"aumento de encargos dos consumidores em geral".
O deputado José Carlos Aleluia
(PFL-BA), relator da medida provisória no Congresso, afirma que
o benefício às indústrias será concedido quando a Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) regulamentar os reajustes. "Foi só
um ajuste. O governo resolveu
aceitar a decisão política do Congresso [de conceder o benefício"
por meio de brechas na lei", disse.
De acordo com o deputado, a
"brecha" é a redação do artigo 4
da lei 10.438 (antiga medida provisória 14). Pelo texto, o reajuste
será de "até" 2,9% para residências e "até" 7,9% para indústria.
Dessa forma, disse ele, o governo
poderá conceder reajustes menores para certos setores da indústria "com alto nível de emprego".
Como exemplos, Aleluia citou os
setores de ferroligas, cloro e cimento.
O ministro Pedro Parente (Casa
Civil), coordenador Câmara de
Gestão da Crise de Energia Elétrica, confirmou, pela assessoria,
que a intenção do governo é conceder, após analisar caso a caso,
um reajuste menor para o setor
eletrointensivo. Mas isso estará
condicionado à redução voluntária de consumo no setor.
Em tese, o texto da lei dá possibilidade para que, na regulamentação, o aumento extra para qualquer tipo de consumidor industrial possa ser menor do que 7,9%
e que o aumento para a classe residencial seja menor do que 2,9%.
Na edição de 21 de abril a Folha
publicou estudo do professor Ildo
Sauer (USP) no qual se demonstrava que os benefícios concedidos aos eletrointensivos representariam uma economia de R$
120 milhões por ano para o setor.
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