São Paulo, quarta-feira, 01 de maio de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

No mês passado, indicador subiu 19,5%, contra os 22% verificados no mês dos atentados aos EUA

Risco-país tem maior alta desde setembro

DA REPORTAGEM LOCAL

Piora aos olhos do investidor internacional a situação do Brasil.
Os títulos da dívida externa brasileira e o risco-país se deterioram há duas semanas, desde que houve o novo agravamento da situação na Argentina. A mais recente crise no país vizinho teve como consequência a queda de outro ministro da Economia e novo período de feriados bancários.
A deterioração foi intensificada pelas pesquisas de intenção de voto para as eleições deste ano, que mostram o crescimento do pré-candidato Lula (PT) na preferência do eleitorado.
Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, fecharam em baixa de 1,19% ontem. Em 15 dias, já se desvalorizaram cerca de 5%. O risco-país do Brasil, medido pelo índice Embi+, do JP Morgan, subiu mais 3,88% apenas ontem. Em abril, o indicador acumulou alta de 19,5%. Não subia tanto em um mês desde os 22% de alta de setembro do ano passado, quando houve os atentados terroristas aos Estados Unidos.
O nível do índice, no entanto, está bem abaixo dos piores momentos de 2001, quando superou os 1.100 pontos. Fechou ontem em 857 pontos, contra os 717 verificados no último dia de março.
Nos mais difíceis momentos da crise argentina, em novembro e dezembro passados, quando houve a queda do presidente Fernando de la Rúa e o fim da paridade cambial, que vigorou no país por quase 11 anos, o risco-país brasileiro caiu, enquanto o argentino explodia. Houve o então chamado descolamento das economias dos dois países. Contribuíram para a mudança de percepção dos investidores estrangeiros as declarações do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, na semana passada. Ele disse discordar da avaliação de que Brasil e Argentina estariam descolados.
A queda dos C-Bonds e a alta do risco-país se intensificaram anteontem, repercutindo as declarações de Fraga e o anúncio feito pelos bancos de investimento Merrill Lynch e Morgan Stanley, que reduziram suas recomendações para a compra de títulos da dívida brasileira. O motivo alegado foi a subida de Lula nas pesquisas.
Mais uma sondagem, divulgada ontem, que confirmou a alta de Lula, intensificou o mal-estar. A notícia, aliada à queda do C-Bond, reverteu a alta ensaiada pela Bolsa, que chegou a subir mais de 1%, mas fechou com menos 0,03%. (ANA PAULA RAGAZZI)


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