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RECEITA ORTODOXA
Superávit é de R$ 22,835 bi, maior valor desde 94 e superior à exigência do FMI
Aperto fiscal supera meta em R$ 7 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O forte aperto feito pelo governo no início do ano foi mais do
que o suficiente para que o Brasil
cumprisse as metas fiscais fixadas
pelo acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional).
Entre janeiro e março, União,
Estados, municípios e estatais
acumularam um superávit primário (receitas menos despesas,
exceto gastos com juros) de R$
22,835 bilhões, o dobro do registrado no mesmo período de 2002.
O resultado do primeiro trimestre do ano superou em R$ 7,435
bilhões a meta acertada com o
FMI. O dinheiro economizado
pelo governo no período equivale
a 6,24% do PIB (Produto Interno
Bruto), maior valor desde 1994.
Na próxima semana, chega ao
Brasil uma missão do FMI para
verificar o cumprimento das metas. O país só tem acesso aos empréstimos do Fundo se alcançar
os objetivos fixados pelo acordo.
A próxima parcela a ser liberada é
de cerca de US$ 9 bilhões.
Os R$ 22,835 bilhões economizados pelo governo em apenas
três meses já superam em 62% os
R$ 14,1 bilhões que o Orçamento
da União reservou aos investimentos do governo federal para
todo o ano de 2003, dos quais pretende gastar apenas 28%. O superávit primário serve para abater
parcelas da dívida pública.
"Este governo está em linha
com o governo anterior, com responsabilidade absoluta no que se
refere à política fiscal", afirmou
ontem o chefe do Departamento
Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Segundo ele, a redução dos gastos foi um dos principais fatores que levaram ao resultado fiscal recorde.
No ano passado, o acordo com
o FMI determinava que o país
acumulasse um superávit primário equivalente a 3,88% do PIB
(Produto Interno Bruto). Depois
da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo elevou
a meta deste ano de 3,75% do PIB
para 4,25%. Isso significará um
aperto adicional de cerca de R$ 8
bilhões neste ano.
A justificativa é a necessidade de
conter o crescimento da dívida
pública, que, em 2002, atingiu níveis recordes. Os R$ 8 bilhões adicionais que serão economizados
representam 56,7% dos investimentos que o governo Lula poderá fazer ao longo de 2003, mas
correspondem a somente 0,9% da
dívida de quase R$ 900 bilhões do
setor público.
A exemplo do que acontecia durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a recente elevação
da meta do superávit primário é
uma exigência dos credores do
governo, que são os bancos e os
fundos de investimento.
O mercado quer ter a maior garantia possível de que continuará
recebendo em dia por suas aplicações em títulos. E, quanto maior o
superávit primário, mais dinheiro
o governo tem disponível para
honrar essas obrigações.
Somente em março, a economia
chegou a R$ 6,751 bilhões, valor
mais alto alcançado num mês de
março desde que o BC começou a
acompanhar esse indicador, em
1991. O esforço fiscal deverá ser
mantido nos próximos meses, para que as próximas metas acertadas com o FMI possam ser cumpridas.
Entre janeiro e setembro, o setor público precisará economizar
R$ 54,2 bilhões para cumprir o
que foi acordado com o FMI. Isso
significa que, em média, o governo terá que conseguir um superávit primário de R$ 5,2 bilhões por
mês para cumprir esse objetivo.
"A meta de setembro é difícil,
mas o país irá alcançá-la", disse
Lopes. Para ele, os últimos resultados indicam também que será
possível acumular um superávit
equivalente a 4,25% do PIB neste
ano, que seria o mais elevado desde 1994.
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