São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Política monetária foi essencial, diz Meirelles

O presidente do BC, Henrique Meirelles, afirma que as medidas adotadas pelo governo depois da crise internacional foram fundamentais para a agência de classificação Standard & Poor's ter promovido o país a grau de investimento.
Entre essas medidas, Meirelles citou o exemplo da condução recente da política monetária. Há pouco mais de uma semana, o BC decidiu subir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A Selic passou de 11,25% para 11,75%.
A própria Standard & Poor's citou essa alta de juros como um dos fatores que levaram a agência a elevar a classificação de risco do país. A S&P considerou fundamental o fato de o Banco Central ter elevado os juros em um momento em que outros países estão sendo lenientes com a inflação.
Foi um elogio direto à atuação do Banco Central, em um momento em que a decisão da autoridade monetária tinha sido vista com reservas pelo Ministério da Fazenda. Meirelles preferiu não falar sobre as decisões a respeito dos juros.
Em relação ao câmbio, Meirelles diz que é cedo para medir qual será exatamente o efeito do grau de investimento sobre o real. Ao mesmo tempo em que aumenta significativamente o fluxo de entrada de recursos externos, o que contribui ainda mais para derreter o dólar, outros fatores têm de ser levados em conta.
"O aumento de fluxo de recursos externos não é o único fator que influencia as cotações das diversas moedas em relação ao real", diz.
Entre outros fatores que podem influenciar o comportamento do câmbio, Meirelles citou o fato de o custo de capital (os "spreads" no mercado financeiro internacional) ter crescido nas economias dos países centrais, o que pode significar um volume menor de entrada no país em operações de "carry-trade" (investidores fazem empréstimo a juro mais baixo e em moeda mais estável e o reaplicam em países de juro maior como o Brasil). Além disso, a liquidez diminuiu no mundo, o que é outro fator que também pode reduzir a entrada de recursos de fora no país.
O presidente do BC citou ainda os números recentes de aumento do déficit em conta corrente. No primeiro trimestre, o déficit em transações correntes atingiu US$ 10,7 bilhões, praticamente atingindo a meta de US$ 12 bilhões prevista para o ano, o que deu um susto no mercado e o real chegou a se desvalorizar durante dois dias consecutivos nesta semana.
"Todos os analistas estão olhando com atenção a conta corrente do país", diz.
Para Meirelles, o grau de investimento é resultado de uma política econômica sólida, ancorada na persistência da aplicação do regime de metas da inflação, na manutenção do sistema de câmbio flutuante com a construção das reservas elevadas e na política de superávits primários elevados. Tudo isso, segundo ele, é coerente com o trabalho de redução da dívida pública em relação ao PIB.
"Essa política gera estabilidade e previsibilidade, e isso é fundamental para o aumento dos investimentos no Brasil."
De acordo com Meirelles, o grau de investimento também deve diminuir o custo de capital do setor público e do setor privado a médio prazo. Ou seja, juros mais baixos. Ele prevê ainda um ingresso maior de investimento direto estrangeiro.
"O Brasil pode ampliar sua competitividade e ter condições de crescer a taxas mais elevadas e de forma mais sustentada", diz.

LUCRO:
BANCOS QUESTIONAM ALTA DA CSLL
A Febraban pretende entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal), nas próximas semanas, questionando a MP que aumenta a alíquota da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) sobre bancos e outras instituições financeiras. "Essa medida não respeita o princípio da isonomia, porque há outros setores -como o de mineração, de petróleo e gás e de siderurgia- que são mais lucrativos", afirma Antônio Carlos de Toledo Negrão, gerente-geral jurídico da entidade. A MP, que foi aprovada na Câmara anteontem, ainda precisa ser votada no Senado.

CARGA PESADA

Com o aquecimento da demanda por máquinas pesadas, a coreana Hyundai dobrou a previsão de venda de equipamentos para a construção civil e o agronegócio. A estimativa, que era a de comercializar 1.000 unidades neste ano, passou para 2.000. Em 2007, a empresa registrou crescimento de 196% na venda de máquinas vindas da Coréia.

Indústria do plástico diz que déficit pode chegar a US$ 1 bi neste ano

A indústria do plástico prevê um déficit comercial de US$ 1 bilhão neste ano, caso as taxas de crescimento de importação e exportação de produtos plásticos transformados cresçam no mesmo ritmo que no primeiro trimestre.
De acordo com a projeção realizada pela consultoria MaxiQuim, que faz assessoria de mercado, se fosse mantido o nível de crescimento das importações de plásticos transformados, as importações chegariam, no fim do ano, a US$ 2,5 bilhões e as exportações, a US$ 1,4 bilhão. No ano passado, o déficit foi de US$ 579 milhões.
No primeiro trimestre, as importações aumentaram 32,3% em relação ao mesmo período do ano anterior e as vendas externas cresceram 12,3%.
A consultoria aponta a valorização do real, os custos competitivos no exterior e a forte demanda no Brasil como causas do avanço da importação.
"Nossa indústria, infelizmente, não está aproveitando a alta do consumo das famílias no Brasil porque perde mercado para os importados", diz Otávio Carvalho, diretor da consultoria MaxiQuim.

DEBÊNTURE
Segundo levantamento do Banco ABC Brasil, após o boom de aberturas de capital, as incorporadoras imobiliárias estão usando debêntures para comprar novos terrenos. Em 2007 as construtoras captaram R$ 10,5 bilhões no mercado acionário e R$ 1,4 bilhão por meio de debêntures. Os recursos dos IPOs (ofertas públicas iniciais) proporcionaram capitalização expressiva das incorporadoras que estão ampliando a oferta de crédito aos consumidores e até buscando fusões e aquisições.

QUENTE E FRIO
A Vale e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) acabam de assinar protocolo de intenções para desenvolver estudos sobre os impactos das mudanças climáticas em regiões brasileiras onde a empresa atua. O foco será a região Norte, onde os negócios da Vale estão em expansão.

ESTÔMAGO
Antonio Corrêa de Lacerda (PUC-SP) e Yoshiaki Nakano (FGV-SP) participam, no dia 6, de seminário na PUC-SP, em que vão debater as ameaças da inflação dos alimentos e combustíveis e seus impactos para a economia brasileira.

PANOS QUENTES
Levantamento do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos de São Paulo registrou alta de 4% nas vendas do segmento de cama, mesa e banho em abril.

TEJO
A agência Loducca conquistou a conta da aérea portuguesa TAP.

SUSTENTÁVEL
A Direito GV traz ao Brasil os salvadorenhos Sergi Aguiñada e Gerson Martinez para discutir as relações entre propriedade intelectual e desenvolvimento sustentável na terça-feira.

FORNECIMENTO
A Klabin obteve o melhor desempenho entre os fornecedores da Tetra Pak no primeiro trimestre de 2008. Pela quinta vez, a empresa ocupa a primeira posição desde que o conceito de avaliação trimestral foi implementado, no primeiro trimestre de 2000. Na seqüência aparecem a Stora Skoghall, a Billerud e a Stora Tainionkoski.

AMPULHETA
A dois meses do encerramento do calendário de pagamento dos abonos do PIS, a Caixa Econômica Federal pagou 11.341.384 benefícios com um volume de R$ 4,22 bilhões, que representam 95,18% da quantia a ser paga. Os trabalhadores têm até o dia 30 de junho para buscar seu benefício nas agências da Caixa, casas lotéricas e correspondentes bancários.

BOLSO DE TOP
Gisele Bündchen lidera o ranking da "Forbes" das modelos mais bem pagas do mundo e repete a colocação que teve nas duas listas anteriores da revista; segundo a "Forbes", Gisele faturou US$ 35 milhões em 12 meses, mais que o dobro do que a vice-líder, a alemã Heidi Klum, com US$ 14 milhões; Adriana Lima (US$ 7 milhões) e Isabeli Fontana (US$ 3 milhões) estão em 4º e em 11º


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