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FINANÇAS
Nova contabilidade dos fundos de investimento mais comuns revela prejuízo causado pela volatilidade recente do mercado
Mercado tenso dá prejuízo a fundo "seguro"
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores de fundos mais
conservadores, como os de renda
fixa e os DI, sofreram um baque
ontem. Em um só dia, tais fundos
registraram perdas que variaram
de 0,3% a 3%, segundo a Folha
apurou. De acordo com o Banco
Central, a maior perda teria sido
de 4,67%, mas há possibilidade de
prejuízo maior.
Os prejuízos devem atingir milhões de investidores -de pequenos aplicadores a grandes empresas- que têm recursos aplicados
nos dois principais tipos de fundos do mercado.
Juntos, os fundos DI e os de renda fixa têm patrimônio líquido de
quase R$ 200 bilhões. Segundo
analistas, os reajustes de ontem
serão suficientes para anular os
ganhos que muitos fundos vinham apresentando em maio e
até causar prejuízo no mês. Isso
porque, até o último dia 27, esses
fundos estavam, em média, com
rentabilidade de 1,10%.
As perdas foram consequência
das tensões recentes no mercado.
Ficaram evidentes com os ajustes
que os administradores desses
fundos tiveram de fazer em suas
carteiras por determinação do
Banco Central e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Desde fevereiro, o BC havia soltado
uma resolução que obrigava os
fundos a mudar as regras de contabilidade dos ativos que compõem suas carteiras.
Até então, os administradores
contabilizavam seus ativos com
base no seu valor esperado para o
futuro. Por exemplo: o preço lançado na carteira dos fundos para
os títulos indexados à taxa de juros refletia o valor que tais papéis
tinham quando foram emitidos
pelo governo mais a variação esperada para a taxa Selic até seu
vencimento.
Mas, na prática, após emitidos,
esses papéis passam a ser negociados no mercado. No dia-a-dia,
seu valor pode variar de acordo
com vários fatores, como a expectativa de mudanças na taxa de juros e o risco de crédito percebido
para esses títulos pelo mercado.
Para permitir que o investidor
pudesse acompanhar essas oscilações, o Banco Central decidiu
obrigar os gestores a adotar um
único método de contabilidade,
chamado de "marcação a mercado", que reflete justamente essas
variações que os papéis sofrem no
dia-a-dia.
A princípio, os administradores
de recursos teriam até o fim de setembro para se enquadrar às novas regras. A surpresa desagradável veio na última quarta-feira,
quando o BC e a CVM resolveram
antecipar esse prazo para ontem.
Ou seja, em pleno feriado, os gestores que ainda não haviam começado a se adaptar às novas regras, que eram a grande maioria,
tiveram de correr para alterar a
contabilidade de seus ativos.
De um dia para o outro, os investidores de fundos DI e renda fixa -os mais afetados pelas mudanças- descobriram que os ativos de suas carteiras estavam subavaliados. A prova disso foram
as grandes perdas de rentabilidade amargadas ontem pelos fundos da maior parte dos gestores.
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