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ARTIGO
Segundo trimestre mostra se há ou não recuperação dos EUA
ALEX SORECKI
MARY CHUNG
DO "FINANCIAL TIMES"
Os executivos-chefes
de Wall Street se preparam
para um trimestre crucial para os
lucros das empresas -um período que pode reforçar a esperança
de uma recuperação ou pôr fim a
ela.
"Os números de junho sobre os
lucros serão os mais importantes.
Eles serão o ponto de teste para a
recuperação da economia", diz
Christopher Wolfe, diretor de estratégia de capitais para os EUA do
J.P. Morgan. "Se os lucros das empresas forem piores do que o esperado, o ano terminou. Não será
possível compensar a deficiência
no segundo semestre".
Alguns executivos já estimam
que a recuperação dos lucros vai
demorar mais do que o previsto.
Thomas McManus, estrategista-chefe de investimentos na Banc of
America Securities, declarou que
os lucros ficarão estáveis ou cairão
um pouco.
Ele disse que as expectativas para o segundo semestre continuam
altas demais e previu que os investidores uma vez mais se desapontarão. Com a maior parte das
companhias que compõem o índice Standard & Poor's 500 tendo
reportado seus resultados para o
primeiro trimestre, os lucros das
operações continuadas caíram em
9,2% em relação a 2001.
Se o trimestre não cumprir as expectativas, será o sexto período
consecutivo de crescimento negativo de lucros entre as empresas
que compõem o Standard &
Poor's 500.
Com as práticas contábeis das
empresas sofrendo escrutínio e a
qualidade dos lucros que elas reportam sendo questionada, é difícil excitar-se muito com a recuperação do setor empresarial.
"O pior cenário seria uma recessão de duplo mergulho e um colapso nos lucros por mais um ano.
Os desfechos possíveis são muitos
no momento, mas há a possibilidade", disse Wolfe.
Richard Bernstein, estrategista-chefe de capitais no Merrill Lynch,
espera que os lucros das empresas
em 2002 continuem a ser desapontadores, mas disse que em
2003 deve haver melhora. Mas será que os investidores estarão dispostos a esperar pela recuperação
dos lucros, ou deixarão as bolsas
de valores e investirão seu dinheiro em outras partes?
Mesmo que os investidores se
mantenham fiéis às ações, disse
Bernstein, ele não acredita que os
lucros melhorarão o bastante para
justificar as avaliações que as
ações têm no mercado.
Ian Harnett, estrategista de capitais da UBS Warburg para o mercado europeu, diz que o consenso
sobre o crescimento dos lucros é
que "ele será o mais lento desde o
começo da década de 90".
Bill McQuaker, estrategista
quantitativo do Credit Suisse First
Boston, disse que "a melhora continuada nas revisões de lucros que
vimos durante os últimos seis meses parece ter-se detido. O número
de ações que tiveram melhora em
suas classificações, comparadas às
que tiveram piora, passou da marca mágica dos 50% em abril, mas
caiu de volta aos 48% em maio".
"Esse quadro sugere que os lucros corporativos continuam a caminho da recuperação, mas é um
caminho pedregoso. Nem toda
empresa ou setor participará da
recuperação, e os investidores terão de trabalhar duro para concentrar suas carteiras nas empresas que estão passando por recuperação na demanda e estão bem
posicionadas para aproveitá-la.
Desta vez, talvez nem todos os
barcos subam com a maré", disse.
Existe uma tendência entre os
analistas de esperar crescimento
de lucros superior ao que seria
realista admitir.
O Dresdner Kleinwort Wasserstein, em recente conselho aos seus
clientes, expressou ceticismo implícito quanto a esses números
elevados: "Em termos de estratégia global, esperamos neste ano
uma volta a 1999, o que significa
que estamos recomendando que
os fundos sejam encaminhados a
setores com perspectivas razoáveis de crescimento (ou seja, confiáveis e na casa dos dois dígitos)".
Por outro lado, alguns dos administradores europeus de fundos
que poderiam, a esta altura, estar
completamente desencantados,
continuam surpreendentemente
positivos.
Jan Mantel, que administra o
European Growth Trust na Barings Asset Management, disse
que esperar "que os lucros ganhem ímpeto daqui por diante".
"Os lucros no primeiro trimestre
caíram entre 15% e 20% em relação ao período de 2001, mas esperamos que os do segundo trimestre sejam semelhantes aos do ano
passado, e os do terceiro trimestre
subam em até 15%".
Tradução de Paulo Migliacci
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