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CRISE NO AR
Promotoria apura existência de irregularidades em entidade criada para garantir assistência a funcionários
Fundação Transbrasil pode ter intervenção
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Transbrasil, criada
para garantir planos de saúde a
funcionários da empresa aérea,
virou alvo de investigações do Ministério Público. A Folha apurou
a existência de irregularidades na
fundação, como atas de reunião
que não são reconhecidas pela
Promotoria de Fundações de São
Paulo, encarregada de supervisionar a administração dessas entidades. Além disso, imóveis da
fundação estão sendo alugados
sem que os promotores tenham
sido notificados.
"Iniciarei estudos para a intervenção na fundação a partir da semana que vem", declarou à Folha
Paulo José de Palma, promotor
encarregado de fiscalizar as atividades da entidade.
A solicitação inicial da intervenção partiu do funcionário aposentado Francisco de Assis. Palma
afirma que a intervenção passou a
ser alternativa da promotoria
porque pessoas assumiram a administração da fundação e pretendem ter o controle acionário
da Transbrasil sem a autorização
da promotoria.
É o caso do piloto Sérgio Borges
da Costa, que tomou posse na
presidência da entidade no dia 18
de abril, mas não teve a aprovação
da promotoria. "O promotor já
reconheceu minha posse e estou
agora trabalhando para reativar a
Transbrasil", diz Costa.
O promotor Palma nega que tenha aprovado tanto a posse de
Costa como os planos da fundação de assumir o controle da
Transbrasil. "As pessoas na fundação parecem ter interesses honestos para recuperar a Transbrasil. No entanto não posso permitir
que a entidade assuma a dívida de
R$ 1 bilhão da companhia."
Na semana passada, o promotor negou formalmente o pedido
de Costa para que a fundação assumisse a administração da
Transbrasil.
Planos para voar
A intervenção na fundação, caso
ocorra de fato, poderá pôr fim aos
planos da entidade de assumir a
administração da Transbrasil.
A companhia aérea não realiza
vôos desde o dia 3 de dezembro,
depois que fornecedores de querosene de aviação, como a BR e
Shell, se recusaram a abastecer as
aeronaves da Transbrasil, devido
à falta de pagamento.
Costa e seus advogados afirmam estar atrás de sócios para
reativar a empresa. Declaram que
já encontraram dois grupos de investidores. Não divulgam, porém,
os nomes deles.
Um dos pressupostos para que
os consórcios de capitalistas coloquem dinheiro na Transbrasil seria a autorização para que a fundação assumisse 90% das ações
da Transbrasil. Hoje a entidade
tem 17% da ações.
Costa tem declarado ser presidente da fundação desde abril, depois que o empresário Antonio
Celso Cipriani, presidente da
Transbrasil, renunciou ao cargo.
Na época, Cipriani tentou também repassar o controle acionário
da empresa à fundação, o que o
isentaria de pagar a dívida de R$ 1
bilhão que a companhia aérea
acumula com fornecedores, trabalhadores e governo.
Os planos de Cipriani estão sendo inviabilizados pelas medidas
do Ministério Público. Os bens do
empresário foram até mesmo bloqueados pela Justiça.
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