São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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Copom reduz o ritmo de queda dos juros

Com corte de meio ponto percentual, Selic cai a 15,25% ao ano, o mesmo patamar de março de 2001, no governo FHC

Quedas anteriores haviam sido de 0,75 ponto; decisão unânime sinaliza que BC está satisfeito com o crescimento da economia

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central reduziu o ritmo de queda da taxa de juros. Ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) promoveu um corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, que, pelas próximas seis semanas, ficará em 15,25% ao ano. Nas três quedas anteriores deste ano, o corte foi sempre de 0,75 ponto percentual.
"Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciado na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,25% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para então definir os próximos passos na sua estratégia", diz a nota que divulgou para anunciar a decisão.
A reunião de ontem contou com a participação de sete membros da diretoria do BC, já que dois novos diretores, Mário Mesquita e Paulo Vieira da Cunha, só tiveram seus nomes aprovados pelo Senado na semana passada e ainda não assumiram os seus cargos.
Com o corte de ontem, a taxa Selic volta ao mesmo nível de março de 2001, no governo FHC. Desde a criação do Copom, em 1996, os juros básicos da economia nunca caíram para menos de 15,25% ao ano.
Decidida algumas horas depois do anúncio do PIB do primeiro trimestre, a queda mais lenta dos juros mostra que o BC está satisfeito com o ritmo de crescimento da economia, não sendo necessário um corte mais agressivo na taxa Selic.

Fôlego
Antes da divulgação da decisão do Copom, o ministro Guido Mantega (Fazenda), mesmo com a ressalva de que não pretendia influenciar a diretoria do BC, indicou que espera novos cortes da taxa básica. A queda da inflação, disse, "dá fôlego para que o BC continue promovendo reduções nos juros".
Em exposição na Câmara, o ministro apontou que o país pratica uma das menores taxas nominais dos últimos tempos -eram 15,75% anuais no momento da declaração. Ao final do ano, previu, a taxa chegará a níveis historicamente baixos, tanto em termos nominais quanto reais (descontada a expectativa de inflação).
O BC tem reduzido os juros seguidamente desde setembro de 2005. No ano passado, quando o Copom se reunia uma vez por mês, os cortes eram de 0,5 ponto percentual cada um. Em janeiro, os encontros passaram a ocorrer a cada seis semanas, e as reduções passaram a ser de 0,75 ponto por vez.
Em sua reunião de abril, o Copom já havia defendido uma "maior parcimônia" na condução da política monetária, sinalizando que os juros poderiam cair de forma mais lenta. O motivo apresentado à época foram as "incertezas" sobre os efeitos que os vários cortes sofridos pela taxa Selic já estão -ou não- tendo sobre a inflação e sobre o ritmo a economia.
Mesmo com essa sinalização, a maioria dos analistas de mercado dizia acreditar que ainda havia espaço para um corte de 0,75 ponto neste mês, deixando a "maior parcimônia" para as reuniões do Copom marcadas para o segundo semestre.
Nas últimas semanas, porém, tanto o BC quanto os investidores foram pegos de surpresa por uma forte turbulência no mercado internacional, devido à possibilidade de que os juros americanos subam mais do que se esperava inicialmente.


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