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SALTO NO ESCURO
Dinheiro virá do BID, por acordo a ser fechado até o fim do ano
BNDES terá US$ 1,5 bi para energia e pequena empresa
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) vai reforçar seu caixa com
uma linha de US$ 1,5 bilhão do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento) para financiar
projetos de energia e pequenas
empresas.
A negociação, em andamento,
deverá estar concluída até o fim
do ano, informou à Folha o diretor financeiro do BNDES, Isaac
Zagury.
Será o maior repasse já feito pelo BID ao BNDES. A maior parte
dos recursos (US$ 900 milhões)
terá pequenas empresas como
destino. O restante (US$ 600 milhões) ganhará um carimbo exclusivo: energia.
Equipamentos importados, essenciais para termelétricas e que
não têm similares fabricados no
país, passarão a ser financiados
pelo banco, abrindo um precedente inédito. Isso significa que,
na prática, o BNDES vai financiar
até 80% do valor total dos projetos, o que inclui a possibilidade de
virar sócio pela BNDESpar, sua
subsidiária de participações.
Quatro termelétricas serão as
primeiras atendidas dentro do
novo padrão BNDES, com financiamentos que somam R$ 774,7
milhões.
"Quem vier hoje aqui já será financiado nessas condições. O orçamento do banco para este ano,
de R$ 26 bilhões, não será uma
restrição", afirmou o diretor para
a área de Infra-Estrutura do
BNDES, Octávio Castello Branco.
"Estamos alterando o financiamento de equipamento importado. Há pouco tempo financiávamos até 80% do investimento,
mas o importado não era item financiável e, como ele é dos que
mais pesam no projeto, o índice
de participação do BNDES caía
muito. Ficava em 35% ou 40%."
Equipamentos importados representam de 40% a 50% do investimento total de uma termelétrica, por exemplo. Recursos do
FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) não serão usados para
isso, explica o diretor. É aí que que
entram os recursos de fora.
Maior rapidez
Essa não é a única mudança do
banco no esforço de tirar as termelétricas do papel. Projetos que
antes levavam dois, cinco ou até
mais meses para ser avaliados serão aprovados em algumas semanas, segundo Castello Branco.
Para cumprir a promessa, o
banco fez uma reengenharia interna, convocou pessoal experiente de outras diretorias e inaugurou uma área de energia, que
tem como superintendente Estela
Almeida, deslocada da área de
privatização do BNDES.
A equipe triplicou de tamanho.
Hoje conta com 50 pessoas, que
poderão "analisar 60 ou 70 projetos ao mesmo tempo e talvez
mais", disse Castello Branco.
"Projetos de infra-estrutura demandam tempo para ser avaliados. Mas diante da crise que vivemos e da necessidade de aprovar
esses financiamentos de forma
mais rápida, estamos com uma
equipe bem maior", afirmou.
A rapidez não vai significar relaxamento na concessão do crédito,
diz o diretor. "Nossa preocupação
é manter os baixos índices de inadimplência que temos, que é resultado de uma análise de crédito
muito criteriosa. Nesse movimento de acelerar tudo, o limite
será sempre a qualidade do crédito da carteira do BNDES."
Hidrelétricas predominam
Há quase 50 projetos de expansão, modernização e geração de
energia em análise no BNDES. A
maioria são hidrelétricas. Há apenas seis projetos de termelétricas,
usinas que integram o programa
prioritário do governo para amenizar o déficit de energia. "Estamos trabalhando para atrair
mais", disse. Entre as seis, estão a
Norte Fluminense (RJ), Araucária
(PR), Termopernambuco (PE) e
Juiz de Fora (MG), que serão financiadas ainda nesta semana.
Os projetos enquadrados e os
que já estão em análise pedem financiamento da ordem de R$ 1,3
bilhão, para um investimento total de cerca de R$ 2,4 bilhões.
O BNDES conta ainda com a
chegada de pedidos de financiamento para outras 28 hidrelétricas, 30 pequenas centrais hidrelétricas, cinco linhas de transmissão
e outros que, no planejamento do
banco, estão sob a rubrica "projetos em perspectivas".
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