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France Presse
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Usina de energia elétrica em Long Beach, Califórnia, Estado norte-americano que enfrenta problemas de fornecimento |
APAGÃO AMERICANO
Crise ameaça pôr Califórnia em recessão
Reestruturação do sistema aproxima problemas do Estado norte-americano dos do Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Como no Brasil, a crise do setor elétrico ameaça jogar a Califórnia -a quinta maior economia do mundo- na recessão. O
Estado norte-americano, que já
sofria com a queda do preço das
ações de alta tecnologia - é lá
que fica o Vale do Silício- não
tem usinas suficientes para gerar
a energia de que precisa.
As crises pelas quais passam a
Califórnia e o Brasil são similares
em alguns pontos. Como na Califórnia, o sistema elétrico brasileiro estava sendo reestruturado.
A idéia, em ambos os casos, era
promover a concorrência entre
empresas privadas. Com uma
competição maior, os preços
tenderiam a cair ou, no mínimo,
ficar estáveis.
O Brasil, no entanto, precisava
primeiro privatizar o setor. Ainda hoje, 85% da energia elétrica é
gerada por empresas estatais.
No caso da Califórnia, o processo envolvia apenas uma liberalização de preços e a adoção de
novas regras de regulação.
Uma diferença entre as duas
crises: para a Califórnia, falta potência instalada; para o Brasil,
falta combustível. Isso significa
que não importa quanta água tenham as usinas hidrelétricas da
Califórnia ou quanto gás esteja
disponível para ser queimado.
Não existem turbinas e usinas
para gerar a energia necessária.
O Brasil teria, em tese, capacidade instalada para atender o
consumo. O problema é que o
governo não investiu em novas
usinas e teve que usar a água armazenada que deveria ser usada
somente em épocas de seca para
atender ao aumento do consumo. Resultado: como não choveu neste ano e como a água armazenada foi usada anteriormente, as usinas não têm combustível para gerar energia.
A concorrência não foi eficiente na Califórnia. Economistas
como Paul Krugman já alegam
que parte da crise foi causada pela especulação das empresas do
setor. Como elas estavam interessadas em aumentar o preço,
dizem, tiraram algumas usinas
de operação.
O novo modelo elétrico brasileiro, como o californiano, também prevê liberalização de preços. A Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica) passará a regular apenas o preço cobrado
pelas distribuidoras. No caso da
geração, a concorrência definirá
os preços.
(MARCELO BILLI)
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