São Paulo, domingo, 01 de julho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

France Presse
Usina de energia elétrica em Long Beach, Califórnia, Estado norte-americano que enfrenta problemas de fornecimento


APAGÃO AMERICANO
Crise ameaça pôr Califórnia em recessão

Reestruturação do sistema aproxima problemas do Estado norte-americano dos do Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL

Como no Brasil, a crise do setor elétrico ameaça jogar a Califórnia -a quinta maior economia do mundo- na recessão. O Estado norte-americano, que já sofria com a queda do preço das ações de alta tecnologia - é lá que fica o Vale do Silício- não tem usinas suficientes para gerar a energia de que precisa.
As crises pelas quais passam a Califórnia e o Brasil são similares em alguns pontos. Como na Califórnia, o sistema elétrico brasileiro estava sendo reestruturado. A idéia, em ambos os casos, era promover a concorrência entre empresas privadas. Com uma competição maior, os preços tenderiam a cair ou, no mínimo, ficar estáveis.
O Brasil, no entanto, precisava primeiro privatizar o setor. Ainda hoje, 85% da energia elétrica é gerada por empresas estatais. No caso da Califórnia, o processo envolvia apenas uma liberalização de preços e a adoção de novas regras de regulação.
Uma diferença entre as duas crises: para a Califórnia, falta potência instalada; para o Brasil, falta combustível. Isso significa que não importa quanta água tenham as usinas hidrelétricas da Califórnia ou quanto gás esteja disponível para ser queimado. Não existem turbinas e usinas para gerar a energia necessária.
O Brasil teria, em tese, capacidade instalada para atender o consumo. O problema é que o governo não investiu em novas usinas e teve que usar a água armazenada que deveria ser usada somente em épocas de seca para atender ao aumento do consumo. Resultado: como não choveu neste ano e como a água armazenada foi usada anteriormente, as usinas não têm combustível para gerar energia.
A concorrência não foi eficiente na Califórnia. Economistas como Paul Krugman já alegam que parte da crise foi causada pela especulação das empresas do setor. Como elas estavam interessadas em aumentar o preço, dizem, tiraram algumas usinas de operação.
O novo modelo elétrico brasileiro, como o californiano, também prevê liberalização de preços. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) passará a regular apenas o preço cobrado pelas distribuidoras. No caso da geração, a concorrência definirá os preços. (MARCELO BILLI)



Texto Anterior: Consumidores podem pagar conta do acordo
Próximo Texto: BNDES terá US$ 1,5 bi para energia e pequena empresa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.