São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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FOLHAINVEST

INVESTIMENTOS

Ações, CDBs prefixados, LFTs de longo prazo e títulos da dívida externa são opções para quem aceita risco

Mercado oferece boas pechinchas na crise

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Lembra-se daquele velho ditado que diz "compre na baixa e venda na alta'? Embora a maioria dos consultores esteja recomendando estratégias conservadoras para enfrentar a turbulência, alguns também acham que, especialmente para o médio e grande investidor, há boas pechinchas nos mercados ditos de risco, como de Bolsa de Valores, de títulos longos da dívida pública interna, de papéis da dívida externa brasileira e de CDBs prefixados.
Para quem tem sangue-frio, o mercado com mais indicações neste momento é o de Bolsa. Luis Stuhlberger, diretor da corretora Hedging-Griffo, chega a afirmar que a posição mais conservadora que atualmente um investidor pode assumir é comprar ações de empresas brasileiras.
As empresas brasileiras, explica, não são endividadas como as americanas e européias. São enxutas, têm pouca concorrência e estão baratas -é possível comprar algumas delas pelo equivalente a três anos de fluxo de caixa.
Stuhlberger não recomenda, por exemplo, companhias reguladas pelo governo, como as concessionárias de energia, água, petróleo etc que são sujeitas a controle de tarifas, dependendo de quem seja o próximo presidente. Também sugere evitar fundo de ações atrelado ao Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), pois terá papéis de empresas problemáticas, como Embratel e Net.
O consultor financeiro Victor Zaremba também inclui ações entre as suas indicações para o atual momento, mas com ressalvas: só devem ser aplicados recursos que não vão fazer falta e o horizonte deve ser de médio e longo prazo, de preferência sem data definida para resgate.
Entre as companhias que vê com bons olhos, Zaremba cita: Vale do Rio Doce, Aracruz, Sadia, Perdigão, Fosfértil, Lojas Americanas, Ambev, Gerdau, Coteminas, Souza Cruz e Eternit.
Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Senior, também está entre os analistas que acham que há boas oportunidades no mercado. Ele cita, por exemplo, Vale do Rio Doce, Souza Cruz e Eletrobrás. Para quem encara um pouco mais de risco, ele também sugere Telemar, Embraer e Petrobras.

Pechinchas
Além das ações, há outras pechinchas no mercado financeiro para quem tem sangue-frio para arriscar.
No segmento de CDB, a maioria dos consultores diz que o mais seguro, é optar pelos pós-fixados, indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e com cláusula de recompra. Mas não é isso que o grande investidor está fazendo.
O que tem levado alguns investidores a optar pelos prefixados é a atrativa taxa de juro. Até quinta-feira, um CDB pré de um ano prometia uma taxa de 28,79%. Mas o produto é arriscado e, em geral, não tem cláusula de recompra.
Marcelo D'Agosto, diretor da consultoria InvestMate, tem recomendado aos clientes investir em LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) de prazo longo, com vencimento acima de um ano.
"As LFTs de longo prazo estão depreciadas. Dependendo da duração, chegam a pagar um ponto e meio percentual acima da Selic", explica. Essa é uma indicação, diz D'Agosto, para quem não acredita em calote da dívida pública.
No BankBoston, desde o início de maio, há uma família de fundos -a Performance DI- que investe justamente em títulos públicos longos, com dois, três anos de prazo. "A procura tem sido muito boa nos últimos dias", afirma Maurício D'Amico, diretor do BankBoston.
Para quem acha que o país não vai quebrar nem dar um calote na dívida externa, outra opção são os Fiex (Fundos de Investimento no Exterior). Trata-se de um produto que investe em títulos brasileiros emitidos no exterior.


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