São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUNDOS

Ganho médio deve ser de cerca de 0,8% em junho; os de risco terão prejuízo

Renda fixa e DI já revertem perdas

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos DI e de renda fixa estão revertendo as perdas da marcação a mercado -a nova forma de contabilização de seus papéis- e devem fechar junho com rentabilidade positiva. Até dia 26, último dado disponível, os DI acumulavam ganho médio de 0,82%; os renda fixa, de 0,73%.
Mas o tempo fechou para os fundos de risco -que investem em ações, em mercados futuros de juros, Bolsa e câmbio, e para os Fiex (Fundo de Investimento no Exterior), que aplicam em papéis da dívida externa brasileira.
Também os fundos de privatização Petrobras, que receberam recursos do FGTS, tiveram pesadas perdas, acumulando rentabilidade negativa de 8,05%. No mês passado, o grande vencedor foi o investidor dos fundos cambiais, que renderam 9,21% impulsionados pela alta do dólar.
Os resultados de junho são fruto da oscilação dos mercados que atingiu níveis excepcionais pondo à prova a capacidade dos gestores dos fundos de investimento. O Ibovespa caiu 13,4% até sexta-feira, mas o câmbio e os juros dispararam.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2003, que no dia 31 de maio estavam em 18,36% ao ano, atingiram o pico de 26,26% ao ano no último dia 22. Na sexta-feira, a taxa havia recuado para 22,73%.
O que fez chacoalhar os mercados foi o aumento do risco nos países emergentes, a crise de confiança nos balanços das empresas americanas, com a consequente queda dos preços de suas ações, e a incerteza sobre as eleições presidenciais no Brasil.

Cautela
No atual quadro, o investidor deve escolher com cuidado onde aplicar suas economias. "Estamos vivendo uma crise momentânea como muitas do passado e outras que virão. O investidor deve aprender com as queimaduras e ter mais cuidado com seu dinheiro", alerta o consultor financeiro Victor Zaremba.
Neste momento, em todas as modalidades de fundos há vencedores e perdedores, lembra ele. Nas duas últimas semanas, muitos fundos multimercados que aplicam em derivativos -fazendo apostas nos mercados futuros de juros, câmbio e Bolsa- tiveram perdas.
O Fintex Fif, da Fintex Fundo de Investimento Financeiro, do Rio, teve perda de 33,18% no mês, o que provocou a fuga de investidores que sacaram mais de R$ 10 milhões, derrubando seu patrimônio à metade. Já o Pactual Fix Alavancado, do banco Pactual, teve rentabilidade de 39% no período.
Quem quer obter ganhos reais (descontada a inflação) superiores aos proporcionados pela renda fixa deve diversificar suas aplicações e correr algum risco, segundo Zaremba. Ele recomenda destinar 15% para fundos que aplicam em derivativos e 15% para Bolsa ou fundos de ações.
"Quem for aplicar em derivativos deve fazê-lo em mais de uma instituição, pois até gestores que sempre estiveram entre os melhores do mercado erram", diz Zaremba.
Segundo Carlos Foz, sócio-diretor da Fama Investimentos, quem perdeu dinheiro nesses fundos terá de esperar pelo menos seis meses para recuperá-lo.
Já Marcelo Beraldo, gerente de informações da Sul América Investimentos, lembra que os investidores dos fundos de risco devem buscar informar-se muito bem sobre o que estão comprando. "A primeira condição para entrar em um desses fundos é saber se o gestor trabalha com limite de risco e se reviu esses limites, pois tudo mudou com a turbulência e a marcação a mercado," diz ele.


Texto Anterior:
FOLHAINVEST
Investimentos: Mercado oferece boas pechinchas na crise

Próximo Texto: Com nova regra, prejuízo maior foi em maio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.