São Paulo, segunda-feira, 01 de julho de 2002

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FINANÇAS

Com a fixação do viés de baixa, expectativa é que corte venha antes da próxima reunião, marcada para dias 16 e 17

Mercado espera que Copom baixe os juros

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado deve reabrir embalado pelas expectativas de queda de juros e de consolidação da candidatura governista que alimentaram a ligeira recuperação das perdas em Bolsa na semana passada.
A alta volatilidade que tem caracterizado a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), entretanto, deve continuar até as eleições, segundo analistas.
Desde quinta-feira o mercado especula sobre a possibilidade de o Banco Central cortar a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 18,5% ao ano, antes da próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), marcada para os próximos dias 16 e 17.
A elevação da meta de inflação para 2003 -de 3,25% para 4%- e a fixação da de 2004 em 3,75%, além do alargamento da banda de oscilação para 2,5 pontos percentuais, feitas pelo Conselho Monetário Nacional, impulsionaram a correção dos preços.
Metas mais folgadas de inflação, porém, podem não ser suficientes para derrubar os juros enquanto o câmbio não recuar de forma mais consistente.
Com a diminuição do pessimismo, a Bovespa encerrou a semana em alta de 6,66%.
"Foi só uma correção técnica, embalada pela ausência de fatos políticos, além da reação das Bolsas norte-americanas e da melhora dos C-Bonds", disse um operador.
Mas a onda de exagero já havia deixado sua marca. O primeiro semestre deste ano, com queda acumulada de 18%, foi o pior para a Bovespa nos últimos 30 anos. Em 1972 o mundo estava em plena crise do petróleo.

Estados Unidos
As Bolsas norte-americanas também ajudaram a Bovespa nos dois últimos pregões. O crescimento de 6,1% do PIB (Produto Interno Bruto) dos Estados Unidos, no primeiro trimestre deste ano, animou os investidores na quinta-feira.
Mas a semana foi de novos escândalos relacionados à contabilidade das empresas, começando pela WorldCom na terça-feira e a Xerox dois dias depois.
Investidores nos Estados Unidos, desta vez, abateram-se menos com a reprodução do balanço inflado pela Xerox.
A Nasdaq (Bolsa eletrônica das ações de alta tecnologia) fechou em discreta alta de 0,39% e o Dow Jones da Bolsa de Nova York terminou o dia com baixa de 0,29%.
"As Bolsas americanas, como a Bovespa, estão atraentes porque se desvalorizaram muito", lembra Michel Campanella, da corretora Socopa.
A Nasdaq conseguiu um resultado ainda pior que o da Bovespa nos primeiros seis meses de 2002: caiu 24,89%, enquanto o Dow Jones recuou 7,77% no período.
Mesmo com o anúncio de um plano de recompra de 3,6 bilhões de ações ordinárias e de 11,6 bilhões de ações preferenciais, a Embratel, controlada pela WorldCom, liderou as perdas da Bovespa na sexta-feira.
Embratel PN caiu 22,87% e Embratel ON, 10,30%, invertendo o movimento de alta iniciado após a notícia da recompra.
"Entrou uma ordem de venda de cliente que, pela força, pelo volume, era estrangeiro", afirma outro operador.
Se a WorldCom tinha problemas para o financiamento da dívida, "agora ela se tornou inviável", segundo Campanella.
"A recompra não é suficiente. Serve apenas para tentar reduzir a oscilação e colocar as ações em tesouraria."
"Mesmo com essa melhora no desempenho da Bolsa, ela continua atraente para quem pode deixar o dinheiro lá por pelo menos um ano e meio, diz o consultor Victor Zaremba.


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