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FINANÇAS
Com a fixação do viés de baixa, expectativa é que corte venha antes da próxima reunião, marcada para dias 16 e 17
Mercado espera que Copom baixe os juros
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado deve reabrir embalado pelas expectativas de queda
de juros e de consolidação da candidatura governista que alimentaram a ligeira recuperação das perdas em Bolsa na semana passada.
A alta volatilidade que tem caracterizado a Bovespa (Bolsa de
Valores de São Paulo), entretanto,
deve continuar até as eleições, segundo analistas.
Desde quinta-feira o mercado
especula sobre a possibilidade de
o Banco Central cortar a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 18,5%
ao ano, antes da próxima reunião
do Copom (Comitê de Política
Monetária), marcada para os próximos dias 16 e 17.
A elevação da meta de inflação
para 2003 -de 3,25% para 4%-
e a fixação da de 2004 em 3,75%,
além do alargamento da banda de
oscilação para 2,5 pontos percentuais, feitas pelo Conselho Monetário Nacional, impulsionaram a
correção dos preços.
Metas mais folgadas de inflação,
porém, podem não ser suficientes
para derrubar os juros enquanto
o câmbio não recuar de forma
mais consistente.
Com a diminuição do pessimismo, a Bovespa encerrou a semana
em alta de 6,66%.
"Foi só uma correção técnica,
embalada pela ausência de fatos
políticos, além da reação das Bolsas norte-americanas e da melhora dos C-Bonds", disse um operador.
Mas a onda de exagero já havia
deixado sua marca. O primeiro
semestre deste ano, com queda
acumulada de 18%, foi o pior para
a Bovespa nos últimos 30 anos.
Em 1972 o mundo estava em plena crise do petróleo.
Estados Unidos
As Bolsas norte-americanas
também ajudaram a Bovespa nos
dois últimos pregões. O crescimento de 6,1% do PIB (Produto
Interno Bruto) dos Estados Unidos, no primeiro trimestre deste
ano, animou os investidores na
quinta-feira.
Mas a semana foi de novos escândalos relacionados à contabilidade das empresas, começando
pela WorldCom na terça-feira e a
Xerox dois dias depois.
Investidores nos Estados Unidos, desta vez, abateram-se menos com a reprodução do balanço
inflado pela Xerox.
A Nasdaq (Bolsa eletrônica das
ações de alta tecnologia) fechou
em discreta alta de 0,39% e o Dow
Jones da Bolsa de Nova York terminou o dia com baixa de 0,29%.
"As Bolsas americanas, como a
Bovespa, estão atraentes porque
se desvalorizaram muito", lembra
Michel Campanella, da corretora
Socopa.
A Nasdaq conseguiu um resultado ainda pior que o da Bovespa
nos primeiros seis meses de 2002:
caiu 24,89%, enquanto o Dow Jones recuou 7,77% no período.
Mesmo com o anúncio de um
plano de recompra de 3,6 bilhões
de ações ordinárias e de 11,6 bilhões de ações preferenciais, a
Embratel, controlada pela WorldCom, liderou as perdas da Bovespa na sexta-feira.
Embratel PN caiu 22,87% e Embratel ON, 10,30%, invertendo o
movimento de alta iniciado após
a notícia da recompra.
"Entrou uma ordem de venda
de cliente que, pela força, pelo volume, era estrangeiro", afirma outro operador.
Se a WorldCom tinha problemas para o financiamento da dívida, "agora ela se tornou inviável", segundo Campanella.
"A recompra não é suficiente.
Serve apenas para tentar reduzir a
oscilação e colocar as ações em tesouraria."
"Mesmo com essa melhora no
desempenho da Bolsa, ela continua atraente para quem pode deixar o dinheiro lá por pelo menos
um ano e meio, diz o consultor
Victor Zaremba.
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