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CONTAS NACIONAIS
Freada no consumo também colabora para aumento; investimentos registram queda no 1º trimestre
Arrocho eleva taxa de poupança para 20,38% do PIB
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de poupança nominal
(sem desconto da inflação) alcançou no primeiro trimestre 20,38%
do PIB (Produto Interno Bruto),
superando em quase cinco pontos percentuais a taxa de 15,66%
do trimestre anterior.
A queda do consumo, especialmente do governo, foi a principal
razão para o aumento da poupança, de acordo com o IBGE. Em números absolutos, a poupança foi
de R$ 70,178 bilhões. A queda de
29,2% nos gastos do governo do
último trimestre do ano passado
para o primeiro deste ano -de
R$ 80,811 bilhões para R$ 57,203
bilhões- tem entre suas causas o
aperto fiscal de R$ 14 bilhões decretado pelo governo federal.
A queda está também ligada a
um fenômeno sazonal: os governos gastam mais no último trimestre do ano e contraem seus
gastos no primeiro do ano.
O consumo das famílias, principal componente na formação do
PIB, também teve queda nominal,
passando de R$ 210,622 bilhões
para R$ 207,243 bilhões. A taxa de
poupança é a diferença entre a
renda bruta e o consumo das famílias somado ao do governo.
De acordo com o IBGE, o PIB
fechou o primeiro trimestre deste
ano com um valor nominal de R$
344,294 bilhões. No último trimestre do ano passado, o valor
havia sido de R$ 364,306 bilhões.
O IBGE não fez nenhuma correção das taxas de crescimento do
PIB do primeiro trimestre, que já
haviam sido divulgadas no mês
passado. A economia cresceu 2%
em relação ao primeiro trimestre
de 2002 e caiu 0,1% em relação ao
último trimestre daquele ano.
No acumulado dos quatro trimestres encerrados em março
deste ano, em relação aos quatro
trimestres imediatamente anteriores, o crescimento foi de 2,2%.
A taxa de investimentos também cresceu, em termos nominais, no primeiro trimestre deste
ano, atingindo 19,13% do PIB,
contra 18,45% no último trimestre de 2002. A taxa de investimento nominal do trimestre passado
foi a maior desde os 19,57% do
terceiro trimestre de 2001.
Segundo Roberto Olinto, coordenador da equipe de Contas Nacionais do IBGE, o aumento da taxa de investimentos não foi decorrente de um efetivo aumento
dos estoques de bens destinados à
produção (máquinas e equipamentos), mas consequência do
aumento de preços desses bens.
Em termos reais, houve queda
de 1,5% da taxa de investimentos
em relação ao primeiro trimestre
de 2002 e de 4,6% em relação ao
último trimestre do mesmo ano.
As Contas Financeiras Nacionais mostraram que os R$ 13,3 bilhões sacados do FMI (Fundo
Monetário Internacional) no primeiro trimestre foram integralmente incorporados às reservas
financeiras do país porque não foi
necessário usá-los para fechar as
contas externas.
Vulnerabilidade menor
O Brasil obteve no primeiro trimestre deste ano um superávit de
R$ 345 milhões nas suas contas
com o resto do mundo. Esse valor, incorporado às reservas, fez
com que elas crescessem R$ 13,6
bilhões de janeiro a março.
Isso significa que o país não precisou do financiamento internacional. O crescimento das exportações foi a principal causa da inversão no que ocorreu em 31 dos
32 trimestres do governo passado.
Apenas no terceiro trimestre de
2002, já sob efeito da desvalorização cambial, que se acentuou a
partir de julho, as contas financeiras apresentaram superávit (R$
5,145 bilhões), pela primeira vez
desde janeiro de 1995.
"A balança de bens e serviços
[conta do comércio exterior mais
ampla que a balança comercial] é
superavitária e permitiu uma
queda da necessidade de financiamento, chegando à capacidade de
financiamento", disse Olinto.
Ele disse ainda que a inversão
dos números, tanto no terceiro
trimestre de 2002 como no primeiro deste ano, foi consequência
da elevada desvalorização do real
em relação ao dólar, mas não quis
fazer previsão sobre o resultado
para este ano. Se positivo, será o
primeiro desde 1992.
"Para o segundo trimestre já há
dados da balança comercial mantendo o superávit alto, mesmo
com a taxa de câmbio em baixa. A
questão é saber se isso irá se manter efetivamente durante o resto
do ano", ponderou Olinto. Ele
ressaltou que, se houver um processo de retomada do crescimento econômico, isso tende a pressionar as importações, principalmente pela maior demanda por
insumos.
Os dados do IBGE confirmam
também que, apesar de o país ter
começado a retomar sua capacidade de captação de recursos externos no primeiro trimestre, os
ingressos, na forma de aplicações
em títulos, estiveram concentrados no curto prazo (ingressos líquidos de R$ 5,997 bilhões), enquanto as aplicações líquidas a
longo prazo estiveram negativas
em R$ 3,153 bilhões.
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