São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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POLÍTICA MONETÁRIA

Centro será de 4,5%, igual ao de 2005, mas intervalo de tolerância será de 2 pontos percentuais, e não de 2,5

Meta de inflação terá teto menor em 2006

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu ontem manter a meta de inflação de 2005, que é de 4,5%, em 2006. O intervalo de tolerância, porém, caiu.
Em vez de permitir até 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo do centro da meta, a partir de 2006 essa tolerância será de 2,0 pontos. Enquanto a inflação de 2005 poderá chegar a 7%, a de 2006 não poderá superar 6,5%. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é utilizado para o sistema de metas.
"Os indicadores mostram que a política econômica atual está conseguindo enfrentar melhor os choques externos. O intervalo existe justamente para acomodar esses choques", disse o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Segundo o ministro, na medida em que o ajuste da economia vem se consolidando, o intervalo também poderá ser menor.
"Achamos que esse intervalo pode ser reduzido ao longo do tempo. É só ter cautela e otimismo", afirmou Palocci. Os choques externos são, por exemplo, crises em outros países.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que os dois próximos anos serão uma transição para um período mais longo de metas em torno de 4%.
Palocci afirmou que a possibilidade de aumento da meta de 2005, defendida pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), não foi nem sequer discutida na reunião. Na terça-feira, o senador voltou a dizer que a elevação da meta para 5,5% em 2005 e sua manutenção em 2006 poderia favorecer uma queda mais rápida dos juros e, conseqüentemente, o crescimento econômico.
"Isso [aumento da meta de 2005] não esteve na pauta do conselho", disse Palocci. O ministro defendeu a busca de níveis cada vez mais baixos de inflação para o Brasil. "Admitir metas maiores não seria uma contribuição ao crescimento econômico. Ao contrário, poderia prejudicar porque temos que dar a segurança de uma inflação baixa", afirmou.
Todo ano, quando o CMN se reúne para fixar a meta do segundo ano subseqüente, os economistas discutem se uma meta mais elevada não poderia ser mais favorável ao país por causa da necessidade de aumento da atividade econômica.
Palocci disse que provavelmente o debate vai continuar. Ontem o governo sinalizou que o Brasil poderá ter uma meta de longo prazo de 4%. "Tem que ser feito de forma suave justamente porque estamos nos aproximando dos 4%", afirmou Meirelles.

Âncoras
O sistema de metas de inflação foi criado em 1999 após a desvalorização do real. Sem a âncora cambial para controlar a inflação, o governo passou a utilizar a política de taxa de juros para reduzir ou elevar a atividade econômica. Dessa forma, tenta reduzir a demanda por produtos, forçando os preços a permanecerem estáveis ou com pequenas altas.
Originalmente, o sistema já permitia um intervalo de 2 pontos para cima ou para baixo -alterado em 2003 para 2,5 pontos.
Mercadante vem questionando o fato de o governo manter a meta de 2005 quando a meta central de 2004, de 5,5%, já está ameaçada. Enquanto BC estima que a inflação deste ano ficará em 6,4%, o mercado financeiro espera alta de 6,96%.
Para Mercadante, a economia brasileira está passando por três choques externos no momento: o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, um menor crescimento da China e o aumento do preço do petróleo.


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