São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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ANÁLISE

Banco reconhece "choque de oferta"

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A previsão do Banco Central de que o país deve fechar este ano com uma inflação de 6,4% -maior, portanto, do que o centro da meta, de 5,5%- é um reconhecimento do BC de que o país enfrentou um "choque de oferta". Isto é, o país sofreu os efeitos das altas de preços do petróleo e das commodities agrícolas e industriais no mercado internacional.
De maneira indireta, o fato de o BC esperar uma inflação maior para este ano cria um ambiente mais favorável para a elevação de preços e, como conseqüência, para uma taxa de juros real menor, o que tende a dinamizar a atividade econômica. Mas isso não significa inflação descontrolada, já que o centro da meta está mantido e dentro da margem de tolerância (2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo).
Essa é a avaliação de alguns economistas sobre a decisão do BC de admitir uma inflação mais alta para este ano. "Ao elevar a expectativa de inflação para 6,4% para 2004, o Banco Central reconhece que não pode controlar o aumento do preço do petróleo e das commodities no mercado externo", diz Bráulio Lima Borges, economista da LCA Consultores.
A meta do governo de buscar uma inflação de 4,5% no ano que vem leva os economistas a esperar por uma política monetária mais restritiva a partir de 2005. Isso não se daria pela elevação da taxa de juros, mas por uma diminuição do ritmo de queda da Selic (taxa de juros básica da economia), como já acontece neste ano.
Para Fabio Silveira, da MS Consult, o reconhecimento do BC de que a inflação pode ser maior do que o centro da meta pode oferecer mais conforto para o crescimento da economia. "Mas o impacto seria maior se o BC tivesse mexido no centro da meta."


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