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ANÁLISE
Banco reconhece "choque de oferta"
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A previsão do Banco Central de
que o país deve fechar este ano
com uma inflação de 6,4%
-maior, portanto, do que o centro da meta, de 5,5%- é um reconhecimento do BC de que o país
enfrentou um "choque de oferta".
Isto é, o país sofreu os efeitos das
altas de preços do petróleo e das
commodities agrícolas e industriais no mercado internacional.
De maneira indireta, o fato de o
BC esperar uma inflação maior
para este ano cria um ambiente
mais favorável para a elevação de
preços e, como conseqüência, para uma taxa de juros real menor, o
que tende a dinamizar a atividade
econômica. Mas isso não significa
inflação descontrolada, já que o
centro da meta está mantido e
dentro da margem de tolerância
(2,5 pontos percentuais para cima
ou para baixo).
Essa é a avaliação de alguns economistas sobre a decisão do BC
de admitir uma inflação mais alta
para este ano. "Ao elevar a expectativa de inflação para 6,4% para
2004, o Banco Central reconhece
que não pode controlar o aumento do preço do petróleo e das
commodities no mercado externo", diz Bráulio Lima Borges, economista da LCA Consultores.
A meta do governo de buscar
uma inflação de 4,5% no ano que
vem leva os economistas a esperar
por uma política monetária mais
restritiva a partir de 2005. Isso não
se daria pela elevação da taxa de
juros, mas por uma diminuição
do ritmo de queda da Selic (taxa
de juros básica da economia), como já acontece neste ano.
Para Fabio Silveira, da MS Consult, o reconhecimento do BC de
que a inflação pode ser maior do
que o centro da meta pode oferecer mais conforto para o crescimento da economia. "Mas o impacto seria maior se o BC tivesse
mexido no centro da meta."
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