São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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DEZ ANOS DE REAL

Garantir crescimento e gerar empregos era função da política econômica, afirma o ex-presidente, ao fazer a defesa do Real

Herança do plano é a moeda estável, diz FHC

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na véspera dos dez anos de implantação do real, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas à adoção da moeda. "Não era função do real [a moeda] garantir crescimento, gerar empregos (...). Isso é função da política econômica", disse ontem em São Paulo, durante seminário organizado pelo jornal "Valor Econômico".
"A herança [do Real] foi a moeda estável." Em palestra de cerca de 40 minutos, o ex-presidente rebateu também os ataques a respeito da duração da manutenção do câmbio fixo. "O câmbio ficou [fixo] porque tínhamos medo de mudar e de a inflação voltar", declarou, ao argumentar que não houve "intenção eleitoreira" na manutenção do câmbio fixo. O real sofreu forte desvalorização em janeiro de 1999, primeiro ano do segundo mandato de FHC.
Ao fazer um balanço dos dez anos do Plano Real, FHC enfatizou que o controle da inflação em patamares baixos eliminou a "fumaça" que impedia que fossem vistos os problemas que afligiam as camadas sociais mais baixas.
Em uníssono com Fernando Henrique, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan também reiterou que o objetivo do Plano Real era combater a taxa de inflação "alta e crônica" e rebaixá-la para níveis "civilizados". E nisso, disse, o Real foi "extraordinariamente bem-sucedido". Malan declarou que era "exigir demais do real" que ele conseguisse diminuir as desigualdades sociais e promovesse o crescimento. "O real não foi lançado para resolver todos os problemas do Brasil."
Na palestra sobre os desafios do crescimento econômico brasileiro, os participantes também elogiaram a estabilidade obtida pós-Real, mas apontaram entraves para a expansão sustentada do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos anos.
Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, a manutenção da taxa básica de juros nos níveis atuais "não ajuda" a implementar políticas de crescimento. De acordo com ele, a redução da Selic neste ano chega, no máximo, a dois pontos percentuais. "A inflação interna e o aumento da taxa de juros do Fed [banco central dos EUA] hoje [ontem] diminuem muito a margem de manobra do governo", disse. Atualmente, a Selic está em 16% ao ano.
Segundo Malan, o espaço disponível para a redução dos juros neste ano também é pequeno.


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