São Paulo, quinta-feira, 01 de julho de 2004

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Câmbio e inflação provocam polêmica

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Passados dez anos da implantação do Plano Real, economistas liberais ainda debatem, com divergência em alguns pontos, temas como a tolerância que se deve ter com a inflação, o melhor desenho do regime de metas e até o modelo ideal para o regime cambial.
Isso ficou claro ontem, durante seminário organizado pelo jornal "Valor Econômico".
Gustavo Franco e Gustavo Loyola, ex-presidentes do Banco Central, defenderam a manutenção dos pilares macroeconômicos adotados hoje e a necessidade de um foco maior na agenda de reformas microeconômicas.
Criticaram economistas que defendem uma tolerância um pouco maior com a inflação para fins de crescimento econômico.
Os economistas Yoshiaki Nakano e Luiz Carlos Mendonça de Barros (este último, ex-ministro das Comunicações e ex-presidente do BNDES), por outro lado, defenderam mudanças no atual modelo macroeconômico.
O regime sugerido por Nakano incluiria uma intervenção administrada no câmbio, a fim de manter a moeda mais desvalorizada, e um regime de metas de inflação mais flexível, que não responda a choques externos, mas apenas a efeitos de demanda excessiva. Essa combinação abriria espaço para a queda dos juros.
Ainda que a inflação seja maior em um primeiro momento, em conseqüência da desvalorização do real, afirma Nakano, a tendência é que a inflação se estabilize à medida que as oscilações cambiais diminuam.
Assim como Nakano, Mendonça de Barros também defendeu a intervenção do governo no câmbio. Segundo o economista, o controle na entrada de capitais de curto prazo no país poderia ser feito para evitar grandes flutuações da moeda.
Além disso, Mendonça de Barros disse que o regime de metas de inflação deveria ter como horizonte o prazo de 24 meses, como na Inglaterra, e não o ano civil (12 meses), como hoje. Nesse ponto, Loyola também defendeu uma alteração -ele sugeriu 18 meses.
Já Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda, resumiu em uma frase sua opinião sobre flexibilização do regime de metas: "Sou contra".


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