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Câmbio e inflação provocam polêmica
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Passados dez anos da implantação do Plano Real, economistas liberais ainda debatem, com divergência em alguns pontos, temas
como a tolerância que se deve ter
com a inflação, o melhor desenho
do regime de metas e até o modelo ideal para o regime cambial.
Isso ficou claro ontem, durante
seminário organizado pelo jornal
"Valor Econômico".
Gustavo Franco e Gustavo Loyola, ex-presidentes do Banco
Central, defenderam a manutenção dos pilares macroeconômicos
adotados hoje e a necessidade de
um foco maior na agenda de reformas microeconômicas.
Criticaram economistas que defendem uma tolerância um pouco
maior com a inflação para fins de
crescimento econômico.
Os economistas Yoshiaki Nakano e Luiz Carlos Mendonça de
Barros (este último, ex-ministro
das Comunicações e ex-presidente do BNDES), por outro lado, defenderam mudanças no atual modelo macroeconômico.
O regime sugerido por Nakano
incluiria uma intervenção administrada no câmbio, a fim de
manter a moeda mais desvalorizada, e um regime de metas de inflação mais flexível, que não responda a choques externos, mas
apenas a efeitos de demanda excessiva. Essa combinação abriria
espaço para a queda dos juros.
Ainda que a inflação seja maior
em um primeiro momento, em
conseqüência da desvalorização
do real, afirma Nakano, a tendência é que a inflação se estabilize à
medida que as oscilações cambiais diminuam.
Assim como Nakano, Mendonça de Barros também defendeu a
intervenção do governo no câmbio. Segundo o economista, o
controle na entrada de capitais de
curto prazo no país poderia ser
feito para evitar grandes flutuações da moeda.
Além disso, Mendonça de Barros disse que o regime de metas de
inflação deveria ter como horizonte o prazo de 24 meses, como
na Inglaterra, e não o ano civil (12
meses), como hoje. Nesse ponto,
Loyola também defendeu uma alteração -ele sugeriu 18 meses.
Já Pedro Malan, ex-ministro da
Fazenda, resumiu em uma frase
sua opinião sobre flexibilização
do regime de metas: "Sou contra".
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