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Alta do dólar rende R$ 3,6 bi ao governo
Ganho ajuda o governo a reduzir a relação dívida pública/PIB entre abril e maio; índice vai de 51% para 50,7%, diz BC
Gastos elevados com juros impedem queda maior, e despesa com encargos da dívida devem bater em
7,5% do PIB no ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta do dólar ocorrida no
mês passado, decorrente das
turbulências no mercado financeiro, rendeu R$ 3,6 bilhões
ao governo e ajudou a reduzir a
relação entre a dívida pública e
o PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo dados do Banco
Central, essa proporção caiu de
51% para 50,7% entre abril e
maio. Nesse mesmo período, a
cotação da moeda dos EUA subiu 10%.
Em reais, a dívida pública subiu R$ 3,880 bilhões no mês
passado e chegou a R$ 1,019 trilhão.
O governo ganha com a desvalorização do real por causa
das operações do BC no mercado de derivativos, onde são negociados os chamados contratos de "swap" cambial reverso.
Nesses contratos, o BC concorda em pagar aos investidores toda a carga de juros que ficar acumulada em determinado período de tempo. Em troca,
o BC recebe a variação que for
registrada pelo câmbio.
Dessa forma, sempre que o
dólar sobe, como no mês passado, o BC apura ganhos, o que
ajuda a reduzir o endividamento do governo.
"A redução da dívida pública
em relação ao PIB mostra o
comprometimento do governo
com o equilíbrio fiscal", disse
ontem o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC,
Luiz Malan.
A queda da relação entre dívida e PIB só não foi maior por
causa dos elevados gastos com
juros. Entre janeiro e maio, os
encargos financeiros arcados
pelo governo somaram R$
64,206 bilhões. Parte desse valor é pago com o superávit primário, que, nesse período, ficou
em R$ 46,710 bilhões.
A parcela dos juros que não é
paga com a economia feita por
meio do superávit primário
precisa ser refinanciada, o que
é feito por meio da emissão de
títulos públicos -ou seja, pelo
aumento da dívida.
Como quase metade da dívida pública é corrigida pela taxa
Selic, a redução dos juros promovida pelo BC ajuda a diminuir a pressão sobre as contas
públicas -de setembro para cá,
a Selic caiu de 19,75% ao ano
para 15,25%. Ainda assim, a expectativa é que, ao longo de
2006, os gastos com encargos
da dívida cheguem a um valor
equivalente a aproximadamente 7,5% do PIB (Produto Interno Bruto).
Confirmada essa estimativa,
segundo o BC, a relação entre
dívida pública e PIB encerraria
o ano em cerca de 50,5%, ligeiramente abaixo dos 51,5% registrados no final de 2005.
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