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Carga alta produz isenções, diz Receita
Expansão do PIB faz base de arrecadação aumentar e, por conseqüência, os incentivos, afirma coordenador do órgão
Micro e pequenas empresas,
entidades sem fins lucrativos
e indústrias instaladas em
Manaus consomem mais
da metade dos incentivos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O coordenador-geral de Política Tributária, Ronaldo Lázaro
Medina, atribuiu o aumento do
volume de incentivos fiscais,
em grande parte, à expansão da
economia, que faz subir a base
de arrecadação e, conseqüentemente, o resultado das isenções
e reduções de alíquotas.
Outra parte do aumento caberia aos novos incentivos concedidos por Lula, principalmente a partir de 2004. Só o
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento) foi responsável por aumento dos incentivos
em R$ 6,2 bilhões.
Quanto aos resultados, Medina afirma que não cabe à Receita avaliar a "qualidade" dos
gastos tributários. Mas ele chama a atenção para a relação
perversa entre carga tributária
elevada e renúncias crescentes,
que seriam uma espécie de efeito colateral dos impostos altos.
"Carga tributária alta acaba
impondo recortes no sistema.
A gente percebe que, a longo
prazo, o ideal seriam gastos enxutos, carga declinante, sistema tributário simples, com o
menor número de alíquotas
possível", disse.
Em 2007, os incentivos deverão alcançar 13% dos tributos
diretamente arrecadados pela
Receita ou uma fatia equivalente a 2,3% do PIB. Em 2003, os
incentivos representavam pouco mais que 10% dos tributos e
1,7% do PIB. No mesmo período em que as renúncias fiscais
subiram 89%, a carga tributária
da União subiu mais de dois
pontos percentuais do PIB.
Conceitualmente, os incentivos fiscais são uma forma de
compensar contribuintes por
gastos com serviços não atendidos pelo governo -com saúde e
educação, por exemplo-, e entidades civis, por serviços que
complementam funções típicas
de Estado, além de estimular o
desenvolvimento de regiões ou
setores da economia.
Alvos
Demonstrativos dos gastos
tributários disponíveis no endereço eletrônico da Receita
Federal mostram que três segmentos consomem mais da
metade dos incentivos fiscais
concedidos pela União: as micro e pequenas empresas, entidades sem fins lucrativos e indústrias instaladas na Zona
Franca de Manaus.
O setor das micro e pequenas
empresas foi o que mais ganhou durante o governo Lula,
saltando para o primeiro lugar
no ranking dos beneficiários.
Nas projeções de renúncias fiscais para 2007, o setor detém
25% dos incentivos, já contabilizados os efeitos do Supersimples, que entra em vigor hoje.
Segundo o coordenador-geral de Política Tributária, as micro e pequenas empresas são
"efetivamente" o principal alvo
dos incentivos: "Há uma certa
unanimidade de que as micro e
pequenas empresas precisam
ser contempladas com tratamento tributário favorecido, já
que empregam grande parcela
da força de trabalho".
O Imposto de Renda da Pessoa Jurídica é o tributo com o
maior percentual de incentivo:
a União abrirá mão de quase
29% de sua receita neste ano,
de acordo com projeções da Receita Federal, ou pouco mais de
R$ 15 bilhões.
Em seguida, vêm a Cofins
(Contribuição para Financiamento da Seguridade Social),
com mais de R$ 13 bilhões de
renúncia, ou 25% da receita total, e o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), com
mais R$ 8,3 bilhões (16% da receita total).
Os benefícios são concentrados na região Sudeste
(45,86%), onde é arrecadado o
maior volume de impostos.
Proporcionalmente à arrecadação, a região mais beneficiada é
a Norte, por causa dos incentivos à Zona Franca de Manaus,
que vigoram há 40 anos.
(MARTA SALOMON)
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