São Paulo, Quinta-feira, 01 de Julho de 1999
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Juros vão a 5% nos EUA; mercado aprova

MARCIO AITH
de Washington

O Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano, confirmou ontem as expectativas e aumentou em 0,25 ponto percentual os juros de curto prazo, elevando de 4,75% para 5% ao ano as taxas usadas entre bancos e que servem de referencial para a economia.
Embora esperada há um mês, a medida animou os investidores porque a instituição indicou, num comunicado, que só irá elevar novamente as taxas caso surjam indícios de que a expansão econômica está pondo em risco a inflação.
A Bolsa de Nova York, que operava em baixa antes do anúncio, fechou em alta de 1,43%, refletindo a aprovação do mercado.
Os mercados temiam que o Fed mantivesse "o viés de alta" de sua política monetária, sugerindo novos aumentos num futuro próximo para conter o risco de inflação. O Fed preferiu aumentar os juros e instituir um "viés neutro" em sua política, descartando novas alterações. A próxima reunião do Fed em que se discutirá juros será no dia 24 de agosto.
É a primeira vez que o Fed aumenta os juros de curto prazo no país desde março de 1997. Desde então, a instituição reduziu três vezes as taxas para tentar reverter a crise econômica que colocou ao menos um terço da economia global em recessão.
Ontem, o Fed disse que tal esforço já não é mais preciso. "Desde então, economias estrangeiras se fortaleceram e a atividade econômica nos EUA avançou num ritmo enérgico", informou o Fed.
Segundo o comunicado, o aumento dos juros teve como objetivo fazer as taxas retornarem ao patamar anterior à crise mundial. Pouca ênfase foi dada aos riscos de pressão inflacionária nos EUA, uma das razões que teriam levado o Fed a aumentar os juros, disse o presidente da instituição, Alan Greenspan, quando antecipou o aumento dos juros num discurso feito há um mês. Greenspan disse na ocasião estar preocupado com os riscos de que o baixo índice de desemprego force um aumento nos salários e, consequentemente, a elevação dos demais preços.

Aprovação do FMI
Num relatório divulgado ontem, o FMI (Fundo Monetário Internacional), instituição com a qual o Brasil mantém programa de ajuste, aprovou a decisão do Fed. "Já que as condições econômicas no resto do mundo e nos mercados financeiros globais melhoraram, um pequeno aperto causaria agora impacto muito menor do que se fosse feito antes". Segundo o FMI, se o Fed esperasse muito para agir teria de elevar ainda mais as taxas no futuro, podendo derrubar as Bolsas.


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