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NOVA ÂNCORA
Objetivo é pouco ambicioso, o que abre espaço para a manutenção da queda dos juros; para 2000, previsão é de 6%
Meta de inflação para este ano é de 8%
da Sucursal de Brasília
O ministro Pedro Malan, da Fazenda, anunciou ontem que a meta
de inflação do Brasil para este ano
é de 8%. Como há margem de dois
pontos percentuais para cima e para baixo, a meta será cumprida se a
inflação de 99 ficar entre 6% e 10%.
O sistema de metas inflacionárias, que substitui o controle das
cotações do dólar como garantia
da estabilidade de preços no país,
começa a vigorar a partir de hoje.
A meta anunciada para este ano é
mais conservadora -menos ambiciosa- do que esperava o mercado. O próprio governo chegou a
estudar uma meta de 6%.
Mas há uma vantagem: a meta de
8% permite ao Banco Central continuar reduzindo os juros básicos
da economia, fixados hoje em 21%
ao ano. Para uma inflação menor,
os juros teriam que ser maiores.
"Há algum espaço para a queda
dos juros e temos ainda um viés
(tendência) de baixa", afirmou Armínio Fraga, presidente do BC.
Para o governo, o cenário externo é o fator que mais pode complicar o cumprimento das metas.
"A economia internacional é,
neste momento, a principal fonte
de incerteza na determinação das
taxas futuras da inflação doméstica", diz o relatório do BC.
Por esse raciocínio, com o câmbio flutuante, qualquer turbulência externa pode elevar os preços
do dólar e dos importados.
O cumprimento das metas será
medido pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O IPCA acumulado de janeiro a maio
deste ano está em 3,76%. Nos últimos 12 meses até maio o índice está em 3,14%
No cenário elaborado para fixar
as metas, o governo avalia que a inflação deste ano será afetada por
dois tipos de choque -um positivo e outro negativo.
O choque positivo virá da área
agrícola. A produção aumentou e,
apesar da queda dos preços internacionais desses produtos, haverá
elevação da renda agrícola. É que a
desvalorização do câmbio compensou a queda de preços no mercado externo.
Esse choque positivo, sempre na
visão do governo, deve reduzir a
inflação ao consumidor em um
ponto percentual neste ano porque
vai diminuir o preço de produtos
como feijão, soja e arroz.
O choque negativo será provocado pelos reajustes dos preços dos
combustíveis e das tarifas telefônicas e de energia elétrica. Esses reajustes elevarão a inflação deste ano
em 1,2 ponto percentual. No balanço dos dois choques, fica um aumento de 0,2 ponto percentual na
inflação deste ano.
Metas para 2000 e 2001
As metas de inflação para os anos
de 2000 e 2001 serão de 6% e 4%,
respectivamente. Nos dois casos,
também há margem de variação de
dois pontos percentuais. Ou seja, a
inflação poderá variar de 4% a 8%
em 2000 e de 2% a 6% no ano seguinte. A meta de 2002 será anunciada em junho do próximo ano.
Fraga disse que a fixação das metas para os próximos dois anos levou em conta uma série de variáveis, inclusive eventuais aumentos
de preços para compensar a desvalorização do real em relação ao dólar. Malan fez questão de repetir
que a meta inflacionária complementa a política de ajuste fiscal em
andamento.
"O objetivo não é acertar a taxa
de inflação da semana, do mês, do
bimestre ou mesmo do semestre,
mas sim do longo prazo", afirmou
Malan. Para ele, o sistema de metas
inflacionárias "não será uma panacéia". Ele disse que o governo não
está em busca da inflação zero.
Deflação
"Não queremos deflações ou aumento de desemprego", disse Malan, depois de questionado sobre a
fixação de um piso para a meta de
inflação. Para o ministro, a redução do nível de atividade econômica e o aumento do nível de desemprego não são consequências diretas de um regime de metas inflacionárias.
Malan disse também que serão
anunciados em breve os nomes
dos integrantes de uma comissão a
ser criada para analisar a metodologia de cálculo do IPCA.
Com o tempo, disse o ministro, o
governo quer divulgar também
uma estimativa do chamado "núcleo da inflação", que exclui do cálculo dos índices a variação de preços provocada por choques externos ou internos.
Fraga disse que a atuação do BC
será preventiva quando perceber
que a inflação futura pode se desviar da meta prevista. Como sempre há uma defasagem entre uma
ação do BC e seu impacto sobre a
atividade econômica e os preços,
um eventual sacrifício hoje pode
reduzir custos maiores no futuro,
disse Fraga.
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