São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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Dólar alto estimula procura por ações

ISABEL CAMPOS
FABRICIO VIEIRA

DA REPORTAGEM LOCAL

O agravamento da crise financeira nos últimos dias e os sucessivos recordes de preço do dólar estão levando as pessoas a comprarem ativos reais, como ações, ouro e imóveis.
A procura por ações baratas levou a Bovespa a subir 5,9% apenas nos três dias desta semana. Somente ontem, a alta da Bolsa foi de 4,5%. Em julho, a Bolsa paulista acumulou perdas de 12%.
"A Bolsa voltou a chamar a atenção dos investidores, que ficaram perdidos com a alta volatilidade do câmbio. Os preços das ações já estavam baixos há algum tempo, por isso esperávamos que esse movimento começasse uma hora ou outra", afirma Jacopo Valentino, diretor da BNP Paribas Asset Management.
O ouro também tem se beneficiado desse movimento. Na semana, o valor do ouro negociado na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) disparou 13%. Em julho, o metal já havia subido 20%. Analistas afirmam que o aumento dos preços no mercado internacional somado a maior procura deve fazer o ouro subir ainda mais nas próximas semanas.
"Para o pequeno investidor é interessante aproveitar para comprar ações nesse momento em que a volatilidade do dólar se acentuou muito", diz Fernando Coelho, da ABM Consulting.
A demanda por imóveis e fundos imobiliários já vinha crescendo desde abril, mas nos últimos dias, segundo profissionais do setor, deu um salto devido à valorização do dólar e o medo de um agravamento da crise financeira. "Existe uma clara procura por proteção de capital", diz Roberto Capuano, ex-presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo). "As pessoas estão com medo de deixar o dinheiro no banco", complementa Sérgio Belleza Filho, consultor da Coinvalores.
No último fim de semana, a construtora Tecnisa vendeu 30 unidades de um empreendimento residencial na cidade de São Paulo, com dois dormitórios, que está sendo lançado, oficialmente, hoje. "A comercialização foi espontânea, sem nenhuma ação de marketing. Neste final de semana, com a publicidade, acreditamos que venderemos as 46 unidades remanescentes", afirma Ricardo Pereira Leite, diretor da empresa.
Nos últimos dez dias, conta Guilherme França, diretor comercial da Setin Empreendimentos Imobiliários, a compra de quartos de hotéis cresceu muito. Nesse período, foram vendidas 40 unidades (cada uma na faixa de R$ 50 mil a R$ 100 mil), metade do total comercializado em julho. "O comprador dos últimos dias tem um perfil um pouco diferente do habitual. Possui alto poder aquisitivo, adquire mais de uma unidade e paga à vista", diz França.
O segmento de fundos imobiliários também está bastante agitado. Pela primeira vez desde o início de sua comercialização, em outubro de 99, não há cotas à venda do fundo do Shopping Pátio Higienópolis, em São Paulo.
Segundo Belleza, a última venda foi realizada no início de julho, pelo valor de R$ 110 por cota. Há interessados em pagar esse preço, mas não há vendedor.



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