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Dólar alto estimula procura por ações
ISABEL CAMPOS
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O agravamento da crise financeira nos últimos dias e os sucessivos recordes de preço do dólar estão levando as pessoas a comprarem ativos reais, como ações, ouro e imóveis.
A procura por ações baratas levou a Bovespa a subir 5,9% apenas nos três dias desta semana.
Somente ontem, a alta da Bolsa foi
de 4,5%. Em julho, a Bolsa paulista acumulou perdas de 12%.
"A Bolsa voltou a chamar a
atenção dos investidores, que ficaram perdidos com a alta volatilidade do câmbio. Os preços das
ações já estavam baixos há algum
tempo, por isso esperávamos que
esse movimento começasse uma
hora ou outra", afirma Jacopo Valentino, diretor da BNP Paribas
Asset Management.
O ouro também tem se beneficiado desse movimento. Na semana, o valor do ouro negociado
na BM&F (Bolsa de Mercadorias
& Futuros) disparou 13%. Em julho, o metal já havia subido 20%.
Analistas afirmam que o aumento
dos preços no mercado internacional somado a maior procura
deve fazer o ouro subir ainda mais
nas próximas semanas.
"Para o pequeno investidor é interessante aproveitar para comprar ações nesse momento em
que a volatilidade do dólar se
acentuou muito", diz Fernando
Coelho, da ABM Consulting.
A demanda por imóveis e fundos imobiliários já vinha crescendo desde abril, mas nos últimos
dias, segundo profissionais do setor, deu um salto devido à valorização do dólar e o medo de um
agravamento da crise financeira.
"Existe uma clara procura por
proteção de capital", diz Roberto
Capuano, ex-presidente do Creci-SP (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de São Paulo).
"As pessoas estão com medo de
deixar o dinheiro no banco",
complementa Sérgio Belleza Filho, consultor da Coinvalores.
No último fim de semana, a
construtora Tecnisa vendeu 30
unidades de um empreendimento residencial na cidade de São
Paulo, com dois dormitórios, que
está sendo lançado, oficialmente,
hoje. "A comercialização foi espontânea, sem nenhuma ação de
marketing. Neste final de semana,
com a publicidade, acreditamos
que venderemos as 46 unidades
remanescentes", afirma Ricardo
Pereira Leite, diretor da empresa.
Nos últimos dez dias, conta Guilherme França, diretor comercial
da Setin Empreendimentos Imobiliários, a compra de quartos de
hotéis cresceu muito. Nesse período, foram vendidas 40 unidades (cada uma na faixa de R$ 50
mil a R$ 100 mil), metade do total
comercializado em julho. "O
comprador dos últimos dias tem
um perfil um pouco diferente do
habitual. Possui alto poder aquisitivo, adquire mais de uma unidade e paga à vista", diz França.
O segmento de fundos imobiliários também está bastante agitado. Pela primeira vez desde o início de sua comercialização, em
outubro de 99, não há cotas à venda do fundo do Shopping Pátio
Higienópolis, em São Paulo.
Segundo Belleza, a última venda
foi realizada no início de julho,
pelo valor de R$ 110 por cota. Há
interessados em pagar esse preço,
mas não há vendedor.
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