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EM TRANSE
"Economist" deixa região apenas 1 ponto melhor que nações africanas
Risco da América Latina só perde para países da África
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco para investidores na América Latina está no mais alto nível desde 1997 e, entre os mercados emergentes, é superado apenas pelo da África subsaariana,
uma das regiões mais pobres do planeta, segundo ranking da EIU
(Economist Intelligence Unit),
braço de pesquisas e análises econômicas do grupo que publica a
revista ""The Economist".
O instituto elabora mensalmente um ranking em que atribui
pontos a cem países emergentes.
Cada país é classificado e avaliado
em diferentes categorias de risco
(político, calote etc), nas quais são
atribuídos pontos. O nível mais
baixo de risco representa 0 ponto
e o máximo na tabela, 100 pontos.
Depois, são estabelecidas faixas
de risco, de 20 pontos cada, identificadas por letras: de 0 a 20, que
corresponde à nota letra A, até 81-100 ou nota letra E.
De acordo com a pesquisa de julho, a média de risco do continente está em 56 pontos, apenas um
ponto abaixo da média da África
subsaariana. No primeiro trimestre de 1997, pouco antes da crise
da Ásia, a média de risco na América Latina era de 49 pontos.
Desta vez, das 21 nações pesquisadas, apenas duas, Chile e Trinidad e Tobago, receberam nota B
(risco entre 21 e 40 pontos). O risco do Chile é de 22 pontos.
No ranking atual, o Brasil aparece com 57 pontos (acima da média do continente) e classificado
com letra C. A Argentina, com 78
pontos, tem uma nota D.
Em seu relatório, a IEU sustenta
que, se em 2001 as dificuldades
dos latino-americanos foram em
parte causadas pela derrocada no
mercado global, a aversão agora é
fomentada por dificuldades internas dos países da região. A confiança dos investidores, diz o texto, sofreu o primeiro golpe com o
calote da Argentina, em janeiro.
Depois, somou-se o aumento do
risco político nos países andinos
(Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), a crise do Uruguai (em parte pelo contágio da
crise argentina) e as incertezas
provocadas pelas eleições presidenciais deste ano no Brasil e, em
menor extensão, no Equador.
A agência afirma que em alguns
países, especialmente Brasil,
Equador e Uruguai, o fenômeno
do não-ingresso de capitais tem
sido acompanhado por outro fator: as dúvidas sobre a sustentabilidade das dívidas públicas.
A falta de investimentos privados revela outra faceta: o aumento
da dependência de empréstimos
do FMI (Fundo Monetário Internacional) para que os países fechem suas contas. Dos US$ 43 bilhões que o FMI tem acordado em
linhas de financiamentos e extensão de acordos, 77% são com países latino-americanos.
Segundo o instituto, a despeito
de exibir as mesmas deficiências
que seus pares latinos (evasão fiscal, baixo nível de poupança interna e enorme desigualdade na
distribuição de renda), o México
(que tem letra C, 49 pontos) aparenta ter se ""descolado" dos países sul-americanos. Como sua
economia é extremamente dependente dos EUA, para onde
destina grande parte de suas exportações, o país criou um ""escudo" que o protegeu da deterioração do resto da América Latina.
Futuro nada bom
Para a EIU entre as nações do Cone Sul, somente o Chile demonstra perspectivas de estabilidade no resto de 2002.
Depois de mencionar que ""candidaturas populistas" lideram as
pesquisas para o pleito de outubro, a agência afirma que a eleição
brasileira servirá de ""barômetro"
do apoio popular à ortodoxia e a
políticas dirigidas ao mercado.
""Se os temores dos investidores se
confirmarem, o capital em direção à região vai encolher ainda
mais. O crescimento da economia
vai minguar e as dificuldades para
honrar os compromissos (de dívida) se aprofundarão".
Os dois outros mercados para
os quais a agência volta as atenções são a Venezuela e a Colômbia. De acordo com a EIU, esse pode se tornar um novo foco de conflito na América Latina.
Alvaro Uribe, o novo presidente da Colômbia, estaria disposto a
adotar uma política linha-dura com a guerrilha, cuja eventuais ligações com o presidente venezuelano Hugo Chávez, diz o texto, ""permanecem pouco claras".
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