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Petrobras segura repasse para os derivados, diz ex-assessor da ANP
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar do discurso de paridade com o mercado externo, a Petrobras está segurando o repasse da forte alta do dólar. No caso da gasolina, o aumento na refinaria
chegaria a 7%, segundo cálculo feito a pedido da Folha pelo ex-assessor da ANP (Agência Nacional do Petróleo) Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura).
Segundo Pires, a Petrobras vende hoje a gasolina a R$ 0,5549 o litro, sem contar os impostos. Lá fora, o produto sai a R$ 0,5949, já convertido a uma taxa de câmbio de US$ 1 para R$ 3,269 -valor de anteontem da Ptax, a cotação oficial do BC (Banco Central).
Desde o último aumento da gasolina (6,75% em 30 de junho), o
dólar subiu 15%. Com isso, a diferença entre o preço no Brasil e as
cotações internacionais justificaria um aumento imediato da gasolina de 7%.
Os preços da Petrobras são corrigidos de acordo com as variações tanto do dólar quanto das
cotações do petróleo e dos derivados no mercado internacional.
Pires afirmou, porém, que não
acredita que a estatal adote um
reajuste já nos próximos dias.
Motivo: a forte instabilidade no
mercado de câmbio. O especialista diz que a Petrobras deve esperar o dólar se estabilizar um pouco antes de rever os preços. "A taxa de câmbio está muito alta e
ninguém sabe onde vai parar. Por
isso, não deve mexer no preço."
Procurada para comentar o assunto, a Petrobras não havia se
pronunciado até as 19h de ontem.
Não é só o preço da gasolina que
está sendo contido. Pelas contas
de Pires, o diesel deveria ser reajustado em 4%. Seu preço no mercado externo convertido para real
subiu de R$ 0,5443 o litro para R$
0,5640. No caso do gás de cozinha,
que subiu 6,2% no dia 5 de julho, a
variação foi menor: 1%.
O diretor da Fecombustíveis
(entidade nacional dos revendedores) e do Sindicato dos Postos
do Rio Marco Mateus disse que,
além do dólar, o preço internacional da gasolina subiu desde o início de julho. Isso, diz, reforça a necessidade de um aumento. Mateus afirmou que, se for repassado
todo o aumento acumulado do
dólar e as variações internacionais, a alta da gasolina pode chegar até a 14% na refinaria. Ele disse que não acredita que a Petrobras adote um percentual tão alto.
"No comércio, não há a menor
condição de dolarizar os preços
nessa proporção. Se o repasse for
integral, simplesmente não se
vende mais gasolina. Não existe
clima político, num ano eleitoral,
para a Petrobras corrigir agora
seus preços. A Petrobras deve esperar as coisas esfriarem", disse.
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