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Usineiros querem recorrer à OMC sobre tarifa de álcool
Objetivo é questionar taxas de exportação estipuladas pelos EUA e pela UE
Presidente da associação dos usineiros não descarta via litigiosa, mas diz que opção seria a última,
por ser cara e demorada
MARCELA CAMPOS
DA REDAÇÃO
A Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar) deve pedir
ao governo brasileiro, em setembro, que o Itamaraty requisite consulta na OMC (Organização Mundial do Comércio) a
respeito das tarifas que incidem sobre o álcool exportado
pelo país. O presidente da entidade, Marcos Jank, afirmou
que, se a questão não for resolvida, outra opção é o litígio,
com a abertura de painel contra
EUA e União Européia -quando começa o "contencioso", no
jargão da OMC.
Jank diz que a Unica traça
agora, após o fracasso da Rodada Doha, três caminhos não-excludentes: diálogo entre governos, em caráter permanente;
aumento da presença física nos
EUA, na UE e na Ásia, articulando-se com grupos favoráveis
à redução tarifária; e a via litigiosa. Ele avalia, porém, que essa é a última opção, pois um
contencioso "não é um caminho fácil": é caro, leva tempo
-dois anos, com otimismo- e,
freqüentemente, "ganha-se e
não se leva", ou seja, é necessário impor retaliações.
Segundo Jank, apesar de
sempre priorizar a negociação
e o diálogo, a instituição começou estudos sobre a causa após
a aprovação recente da Lei
Agrícola nos EUA -que elevou
os subsídios domésticos para
agricultores americanos. O
economista lamentou o fracasso da Rodada Doha e afirmou
que "o mundo saiu perdendo".
Ele avalia que nenhum acordo
bilateral vai resolver subsídios
agrícolas e medidas antidumping. "A OMC é insubstituível e
precisa ser fortalecida."
Tanto na consulta quanto no
litígio, a Unica precisa solicitar
ao governo que a represente na
OMC. Mas os custos com assessoria jurídica, por exemplo, são
bancados pelo setor privado e
podem, no total, variar de US$ 1
milhão a US$ 10 milhões, dependendo das características
do processo. Dois escritórios de
advocacia foram contratados,
mas a Unica não revela nomes.
Segundo Jank, se os europeus qualificarem o álcool como "produto sensível" -podendo assim cortar pouco as tarifas-, o Brasil só ficaria satisfeito com uma "megacota" de
compensação, mas não quis revelar números. A quantidade
oferecida pelos europeus, conforme informações extra-oficiais, manteve-se em 1,5 bilhão
de litros de álcool -a mesma de
2006. Jank qualifica a proposta
como "inaceitável" porque as
exportações do Brasil à UE já
beiram esse número, impulsionado pelo mercado sueco.
Para o presidente da Unica, a
cota deveria ser estabelecida
sobre a estimativa de consumo
futuro, e não passado. Ele afirma que é possível prevê-lo baseando-se nas novas leis que
estabelecem percentuais crescentes de álcool misturado a
outros combustíveis. Jank comentou que, como a agenda do
álcool não é mais só de agricultura -envolvendo ainda temas
como segurança energética e
ambiente-, há possibilidade
maior de mudança nas atuais
posições protecionistas.
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