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Argentina acena com concessões ao Brasil
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
Às vésperas da visita do
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva ao país, a Argentina
acenou com mais um sinal de
paz ao Brasil, para tentar
provar que o fracasso da Rodada Doha da OMC não
criou tensão entre os dois
países, e liberou a exportação
de 900 mil toneladas de trigo, cujas vendas ao exterior
estão restritas desde o fim do
ano passado.
Apesar de o destino do
produto não ter sido anunciado, é certo que grande
parte vá para o Brasil, principal mercado do trigo argentino, que importa da Argentina 70% do que consome. A
regularização das exportações de trigo é pedido constante do Brasil nas reuniões
sobre o comércio bilateral.
A liberação do lote faz parte de uma série de troca de
favores dos governos dos
dois países para tentar abaixar a poeira após as divergências dos dois aliados tradicionais na Rodada Doha.
O trigo era o que a Argentina poderia oferecer em troca
da visita de Lula, que chega
no domingo com uma missão
de empresários que pretendem investir no país e com
uma promessa de empréstimo para a recém-reestatizada Aerolíneas Argentinas.
A própria presença de Lula
é vista como um presente, no
momento em que a presidente Cristina Kirchner acaba de sair de uma crise com o
setor agropecuário.
Outra "oferta" argentina
ao Brasil foi o aumento dos
impostos sobre as exportações de farinha de trigo, de
10% a 18%, já que a indústria
brasileira acusava os moinhos argentinos de dumping.
Apesar do clima de "deixa
pra lá", o vice-chanceler, Victorio Taccetti, afirmou ao
jornal "Crítica" que "pode
haver mais aspereza" nas relações entre os países.
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