São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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RETOMADA

Crescimento de 2,5% no período surpreende os economistas; fabricantes, por sua vez, registraram taxa estável

Serviços superam indústria no 2º trimestre

DA SUCURSAL DO RIO

Um indicativo de que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) não está mais concentrado na indústria é o fato de o setor de serviços acumular uma expansão de 2,8% no semestre em relação ao mesmo semestre de 2003. No mesmo período, a indústria registrou expansão de 4,7%. Para o gerente de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, "a reação forte da indústria, que teve início no final de 2003, começa a reverberar em toda a cadeia produtiva".
A reação dos serviços -que inclui comércio, transportes, comunicações e instituições financeiras- fica mais clara na comparação trimestre com trimestre anterior. De uma alta de 0,5% nos primeiros três meses deste ano em relação ao último trimestre de 2003, o setor foi para uma expansão de 2,5% no segundo trimestre de 2004 em relação ao primeiro.
Foi o desempenho "surpreendente" dos serviços, dizem analistas, que fez o PIB "desviar" de suas projeções. Também chamou atenção o resultado do ramo de construção civil (no cálculo do PIB, agrupado na indústria), que cresceu 2% na comparação com o mesmo período de 2003 -o ramo havia registrado queda de 6% nos três últimos meses do ano passado. Já a indústria, que teve uma alta de 1,5% no primeiro trimestre, passou para uma taxa, considerada estável pelo IBGE, de 0,2%, no segundo trimestre.
"O setor de serviços foi o que mais surpreendeu", afirmou Marcel Pereira, economista-chefe da RC Consultores. O economista Johan Soza, da Rosenberg e Associados, também afirma que o setor foi a grande surpresa do PIB.
Para Alex Agostini, da Global Invest, a expansão de apenas 0,2% da indústria no segundo trimestre não é um mau sinal. Para ele, indica, sim, uma continuidade do crescimento do setor, que já opera com um nível de produção elevado. "Seria um problema se o resultado fosse negativo."
"É normal o desempenho da indústria no segundo trimestre estar mais baixo do que no primeiro trimestre, até porque a indústria começou a sua recuperação no ano passado", diz Marcel Pereira.
Dentro do setor industrial, três dos seus quatro segmentos tiveram taxas positivas na comparação semestral, com destaque para o crescimento da indústria de transformação (7,3%). Além da construção civil, os chamados serviços industrias de utilidade pública -basicamente energia elétrica- também cresceram 2%.
Já a indústria extrativa mineral, representada pelo petróleo e minério de ferro, registrou queda de 2,9%. A taxa negativa reflete as paradas sucessivas que ocorreram nas refinarias da Petrobras.
No setor de serviços, as maiores altas semestrais foram em comércio (7,6%) e transportes (6,9%). Também apresentaram crescimento as instituições financeiras (3,6%), administração pública (1,5%) e aluguéis (1,3%). Comunicações registrou queda de 1%.
A agropecuária apresentou uma queda de 0,3% no segundo trimestre em comparação com o primeiro trimestre, taxa considerada estável pelo IBGE. Na comparação semestral, o setor permanece com uma alta de 5,7%.


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