São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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Expansão da economia indica fôlego mais curto até o fim do ano

MAELI PRADO
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O fôlego que determinados setores da economia tomaram na primeira metade do ano, como confirmou ontem o IBGE, vai perder força neste trimestre. Para julho, agosto e este mês, o crescimento -principalmente no setor de bens duráveis- não deve atingir os mesmos níveis do primeiro semestre.
O número mais recente mostra que, na primeira quinzena de agosto, houve queda de 5,8% nas vendas a prazo em São Paulo em relação a julho. No mesmo período houve retração de 1% nas vendas à vista. Na comparação com agosto de 2003, houve alta de 2,4% e queda de 4,4%, respectivamente, segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
Casas Bahia e Lojas Renner, líderes do varejo, confirmaram na sexta-feira o menor ritmo de vendas em suas lojas em agosto, como informou a Folha. Para economistas, o risco de alta na taxa de juros e a elevada base de comparação do segundo semestre do ano passado têm efeito nas contas.
A equipe econômica já deu declarações de que pode elevar a taxa de juros, fator que poderá impedir novos avanços na demanda. Além disso, este semestre terá de registrar resultados positivos sobre os bons números de igual período de 2003 -uma tarefa mais difícil.
Por exemplo: setembro de 2003 foi um dos melhores meses para o setor eletrônico no ano passado (as vendas cresceram quase 20% sobre 2002). Nos próximos meses, a expansão terá de vir sobre taxas elevadas como essa.
Até junho e julho deste ano, a indústria do consumo se expandiu sobre uma base de expansão fraca no ano passado.
"Se tivermos um soluço inflacionário, pode ser mesmo necessário um ajuste nos juros. Então, aí, a situação complica um pouco", disse Antonio Carlos Borges, diretor da Fecomercio/SP.
Segundo Juan Jensen, economista da consultoria Tendências, as taxas de crescimento neste trimestre e nos próximos não devem repetir as registradas nos últimos três trimestres.
"Foi um ritmo muito forte, de 6%, 7% de crescimento no ano. Como agora a base de comparação será melhor, as taxas de crescimento devem ser mais baixas, apesar de os investimentos estarem acontecendo", afirmou. Para ele, a renda é que deve estimular a reação no PIB daqui para a frente.
De qualquer forma, há alguns indicadores econômicos positivos neste trimestre. As vendas de papelão ondulado, por exemplo, consideradas um bom termômetro da economia, aumentaram 26,2% em relação a julho de 2003. E a arrecadação tributária do Estado de São Paulo subiu 4,1% em julho em relação ao mesmo mês de 2003 e 0,2% sobre junho.


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