São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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INVERSÃO

Em 2005, ganhos com exportação devem recuar em relação aos deste ano

Receita com soja cairá após 5 anos

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O carro-chefe das exportações brasileiras começa a patinar. Após quatro anos de euforia, as receitas com as vendas externas de soja começam a recuar. Pior ainda, os chineses, que colocaram forte empecilho às importações da soja brasileira em grãos no primeiro semestre, agora vêm com nova barreira. Desta vez, nas importações de óleo de soja bruto.
Em 2005, as receitas externas com os produtos do complexo soja vão recuar para US$ 9,5 bilhões, abaixo dos US$ 9,9 bilhões previstas para este ano. É a primeira vez que isso ocorre desde 1999, segundo dados da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
Esses novos números, tanto os deste ano como os de 2005, ficam bem abaixo dos US$ 12 bilhões previstos anteriormente para cada um desses períodos. Mesmo com a supersafra do próximo ano, estimada de 62 milhões a 66 milhões de toneladas, as receitas serão menores porque os preços internacionais estão em queda devido à super-oferta de produto no mercado internacional. Não será apenas o Brasil, mas também os Estados Unidos e a Argentina que poderão ter safras recordes. Os três países são os principais produtores mundiais.
A China, país responsável pela forte aceleração das receitas brasileiras no setor nos últimos anos, também foi a causadora da queda nas exportações nacionais neste ano. Devido aos preços elevados da soja, os chineses romperam contratos e colocaram o pé no freio nas importações. Com isso, as exportações brasileiras de soja em grãos deste ano devem ficar em 19,8 milhões de toneladas, abaixo dos 20 milhões de 2003.
Agora, os chineses colocaram nova exigência, desta vez nas importações de óleo. A partir do início de outubro a China quer a redução do uso do solvente hexano, usado na preparação do óleo bruto degomado, para cem partes por milhão (cem ppm), quantidade bem abaixo do necessário.
Na avaliação de uma indústria do setor, essa exigência é apenas uma barreira, já que a presença desse solvente desaparece na transformação do óleo bruto para o refinado. Os chineses importam o óleo bruto, e não o refinado.

Dinheiro para a safra
O Ministério da Agricultura anunciou ontem a antecipação da liberação de recursos do Plano Safra 2004/2005. Neste mês, o Banco do Brasil irá ofertar R$ 5 bilhões em financiamento agrícola. Segundo o banco, o montante liberado para um mesmo mês é inédito na história da instituição.
Até o final de setembro serão R$ 7,285 bilhões, o que representa R$ 1 bilhão a mais do que no mesmo período do ano passado.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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