São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2004

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VIZINHO EM CRISE

Diretor não garante neutralidade do fundo nas negociações

Visita não altera crise FMI-Argentina

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

A vista do diretor-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), o espanhol Rodrigo Rato, não alterou a situação da Argentina com o Fundo. Ele não só não garantiu a neutralidade da instituição durante a renegociação da dívida argentina, como queria o governo, como voltou a pedir que a Argentina melhore a oferta feita aos credores privados e aumente o superávit fiscal. Pedidos que o presidente Néstor Kirchner teria recusado, segundo a imprensa argentina.
O diretor do organismo de crédito também não deu garantias de que o FMI poderá refinanciar US$ 1 bilhão em juros que a Argentina deveria pagar em setembro. O assunto, segundo Rato, ainda será tratado em Washington
Rato insistiu em que a Argentina deveria cumprir um superávit fiscal de 4% e 5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2005 e 2006, respectivamente. Neste ano, o compromisso argentino com o Fundo é de superávit fiscal de 3%, mas o país vem batendo recordes de arrecadação, e a projeção de superávit para o ano já é de 4%, o que vem tem levado o FMI a aumentar as pressões para que a Argentina comprometa uma fatia maior do Orçamento para pagar as dívidas. A dívida pública da Argentina com credores privados soma US$ 104 bilhões (até julho), mas o governo oferece pagar 25% desse valor.
Apesar de o Ministério da Economia ter suspendido o atual acordo de US$ 13,8 bilhões com o Fundo até o ano que vem, o que em teoria livraria a Argentina de cumprir as exigências com a instituição, o país deve US$ 2,4 bilhões ao organismo de crédito e não quer que as exigências do FMI interfiram nas negociações com os credores. Desses US$ 2,4 bilhões, a Argentina quer refinanciar US$ 1 bilhão.
Em coletiva depois de se reunir com Kirchner e o ministro da Economia, Roberto Lavagna, o diretor-gerente insinuou que as decisões do Fundo sobre os pedidos do governo estarão condicionadas ao cumprimento das exigências da instituição.
"Nossas decisões serão tomadas no âmbito das decisões de política econômica que a Argentina tem que tomar nos próximos dias e no âmbito das boas relações que a Argentina tem com o FMI", disse Rato. Segundo o espanhol, para que a Argentina "alcance um crescimento sustentável e reduza a pobreza, terá que concluir uma reestruturação da dívida concreta e sustentável e ter uma política fiscal sólida".


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