São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Fed tem ação mais ampla que a do BC do Brasil

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao contrário do Banco Central brasileiro, que tem como principal objetivo perseguir uma meta de inflação definida pelo governo, o Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) tem diretrizes mais amplas. Em linhas gerais, o Fed busca, além de manter os preços estáveis, criar condições para gerar mais empregos e, a longo prazo, taxa de juros moderadas.
Ou seja, as decisões do Fed levam em conta o efeito que terão sobre o comportamento dos preços, mas também como isso afetará o crescimento da economia norte-americana. E que, portanto, terão reflexo sobre o ritmo de abertura ou fechamento de postos de trabalho.
Outra diferença entre o Fed e o BC brasileiro é com relação ao mandato dos diretores da instituição. Ben Bernanke, que assumiu a presidência do Fed em fevereiro do ano passado, após ter sido indicado pelo presidente George W. Bush, tem mandato até janeiro de 2010. Henrique Meirelles, na presidência do BC desde janeiro de 2003, pode ser demitido a qualquer momento pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o indicou para o cargo no final de 2002.
Em comum, as duas instituições são responsáveis pela supervisão e regulação do sistema financeiro. Nesse sentido, tanto o Fed quanto o BC brasileiro adotam mecanismos para manter a estabilidade do sistema financeiro para garantir a segurança das operações bancárias.
Nos Estados Unidos, a comunicação com o mercado financeiro tornou-se, sobretudo a partir dos anos 90, um importante instrumento não-oficial de política monetária. Num país em que não há regras definidas em lei para assegurar um determinado nível de inflação, a base da formação de expectativas dos agentes econômicos é a transparência e a credibilidade do presidente do BC.
O modelo, consolidado na gestão de Alan Greenspan, sobrevive na era de Ben Bernanke, apesar dos deslizes iniciais e é o modelo com o qual sonha Meirelles.
No entanto, na avaliação de analistas de mercado ouvidos pela Folha, a relação do BC do Brasil com o mercado financeiro doméstico é marcada muito mais por desencontros de informações e dúvidas sobre a influência da equipe atual nas decisões.
Os ruídos que tiram o peso das declarações de Meirelles cresceram no segundo mandato de Lula, dizem os especialistas, e são reforçados pelo fato de o BC não ter independência formal e também pelas constantes disputas políticas no governo.
Além disso, há críticas, por exemplo, à redução do número de textos para discussão elaborados pelos técnicos do BC e que são divulgados para o mercado.


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